domingo, 23 de janeiro de 2011

Summer Soul Festival

Nem sei se faz sentido falar do Summer Soul Festival uma semana depois, quando já saiu toda a sorte de críticas e resenhas sobre ele, com todos os lugares-comuns já explorados à exaustão.

O primeiro deles: o Mayer Hawthorne fez um show bacana, mas não empolgou. E deveria? Todo artista emergente com um mínimo de elegância não vai dar uma de Ivete Sangalo e querer que todo mundo já saia pulando no show de abertura. E vai do interesse do público também, que estava de fato marcando lugar para a hora do show da Amy. Para mim, ele foi ótimo: conversou com o público, tirou uma foto nossa e pediu pose, fez piada com o fato de ser desconhecido (contando que deu um autógrafo para o cara do aeroporto, confundido com o Tobey Maguire), e a música tem um balanço vintage que é uma delícia. As baladas têm uma cara de The Manhattans que tocariam no Love Line da Radio Cidade fácil, como "I wish I would rain". I love you, Spider Man!

O segundo: Janelle Monáe é uma diva em franca ascensão. Dããã! Esses críticos fazem observações muito perspicazes, hein? Até uma garota pré-balzaquiana com um blog laranja de título duvidoso já tinha cantado essa bola. Era a aposta da noite, e cumpriu o prometido. Sem chamar a atenção, sem tentar roubar a cena, com a elegância que só uma diva totalmente segura de si é capaz de ter. Ela faz um show meio como o Ney Matogrosso, entra no personagem e fica nele, totalmente concentrada. Não fica tentando animar o público como se fosse o Silvio Santos. Ponto para ela, nem precisava. Ela escolheu o filé do The Archandroid e mandou ver. O final com Come Alive foi apoteótico, com seu topete de retroescavadeira totalmente desmanchado. Apesar de tantas críticas e chavões, o comentário do Rafa sobre a Janelle foi definitivo: "Janellinha fez a lição de casa direitinho, hein?" A única coisa ruim foi que o show foi curtíssimo: 45 minutos não dá nem pra fazer cócegas, uma artista de mão cheia como essa baixinha merecia mais. Será que tinha gosto de "Volto logo" ? Pode ser.

O terceiro e principal: Amy fez um show morno. A gente é fã, mas não é idiota. Ninguém estava esperando que ela fizesse uma performance espetacular. Aliás, eu e a torcida do Curintia estávamos esperando muito mais um festival de bafões que um show de verdade, o que revela um certo sadismo por parte nossa. Mas a Amy tocou o foda-se e não deu o que o público que estava pedindo. Ela gosta de ser do contra e por isso  ela virou ícone, para o bem e para o mal. Agora, se ela resolveu surpreender poderia pelo menos fazer um  show que passasse do "Olha, eu ainda consigo cantar!" - não desafina, mas se perde nos floreios - e colocar um pouco mais de proximidade com sua própria obra. Era engraçado sua pose de diva que se economiza, como se não soubesse da sua decadência. Um tanto triste e poético, como seu olhar alheio e seus cabelos levemente movendo-se ao vento. A mídia e o público costumam ser cruéis com grandes artistas que tropeçam, logo, sua redenção provavelmente virá quando passar desta para uma melhor, tal e qual aconteceu com Elvis e Michael Jackson. Mas no caso da Amy, ela poderia pelo menos enxergar o apoio de uma plateia que topou pagar para vê-la, mesmo sabendo que ela não entregaria o seu melhor. Quem torcia por sua redenção, saiu do Anhembi convencido que ela precisa de muito mais, quem sabe uma ressurreição. Ressuscita, Amy!

Outras coisas passaram despercebidas da crítica, pelo menos não encontrei ninguém que comentasse: Miranda Kassin e André Frateschi, o casal Amy e Bowie, não conseguiam esconder que estavam felizes feito p no lixo abrindo o festival. A banda é muito boa, e fazem outros covers de clássicos do soul, já havia assistindo o show do Studio SP. Mas acabaram virando trilha sonora para a fila do caixa e da cerveja (Caaaaras, por sinal). E o show do Instituto foi bem bacana, achei melhor que o que eu vi no Contato de 2009, em São Carlos.

Pronto, já brinquei de crítica cultural hoje. Agora, o melhor de tudo isso: chegar em São Paulo e reencontrar os amigos. Como desculpa para isso, o Summer Soul foi excelente.

É para todos essa cambalhota, pessoal!

2 comentários:

Unknown disse...

Virei fã!
Tã-nã!

Gumercindo Guimarães disse...

Maoeee... Não, não sou tão animado quanto o Sílvio...
nhum...dificil comentar alguma coisa, já que não sou exatamente fã deste tipo de música (aprecio, ouço acidentalmente e só).
Mas e o rock in rio 2011, será decente?
Quando eu crescer quero ter pique para escrever que nem você.
beijos.
gu