domingo, 31 de janeiro de 2016

A coisa mais legal do mundo

Para pessoas que se relacionam e se deixam transformar

Foi-me perguntado qual era a coisa mais legal do mundo. Chocolate? Montanha-russa? Praia em dia de calor? Dançar um rock n´roll? Um coelhinho fofo?

Tudo isso é muito bom, mas não sei se uma destas isolada pode ser A coisa mais legal do mundo. E também acredito que coloca-las em um ranking seria bem imbecil, porque a categoria “coisa mais legal do mundo” não dá conta da diversidade de sensações que todas essas coisas podem nos causar e também não considera que uma mesma coisa - destas que citei e as muitas outras que ignorei - podem ser incríveis para uns e torturantes para outros.

É por isso que fujo de perguntas totalizantes como esta. Tentar respondê-las da mesma maneira me aflige. Entretanto, o exercício da reflexão pode subverter este jogo – de um pergunta totalizante, não virá uma resposta totalizante, sequer pode vir uma resposta. O que é interessante é que eu cheguei a uma resposta, não em caráter definitivo, mas que para o momento me parece boa.

A coisa mais legal do mundo é o afeto, mais especificamente a capacidade de oferecê-lo a outras pessoas. Não falo de sentimento, que para mim é uma categoria que já caiu de podre. É só um juízo de valor previamente estabelecido, que cada vez menos corresponde à (minha) realidade e ao colorido das relações. Falo da nossa própria capacidade de gostar das pessoas. É o que me deixa imensamente feliz, me faz gostar da vida com suas montanhas-russas, chocolates, e praias em dias ensolarados.

Gosto também da solidão. Inclusive cada vez suspeito mais de relacionamentos, de todas as ordens - entre amigos, casais, pais e filhos - com gente que não se desgruda. Soa falso para mim, principalmente depois de ver relação e afeto onde de fato havia só conveniência, e pior: temporária. Tudo bem com os hiatos. Tudo bem com os interesses divergentes. Tudo bem com o tempo escasso que a gente precisa desafiar para estar com gente querida, para não ficar só demais.

Triste é que nem todo mundo entende este afeto, que sendo maleável e resistente, é capaz de preencher fissuras com delicadeza. Eu não consigo suportar esta ignorância, já suportei por tempo demais e quase quebrei com isso. Não tenho tempo para essa gente, que hoje em dia, corto da vida sem delongas e sem meios-termos. Do mesmo jeito que minha avó matava galinhas para o almoço: somente um corte seco.

Viver o afeto assim, descolado de jogos pré-estabelecidos, contratos, moedas de troca, matou um pouco da minha carência, que agora só aparece quando me lembro desta ignorância afetiva que citei no parágrafo anterior. É simples, mas ao mesmo tempo demanda coragem. Viver assim é uma opção radical, mas francamente, não vejo outra. Nem sempre acerto, mas minha própria capacidade de amar me completa.

Love is greatest thing that we have! 

(O que eu disse não é inédito, mas estas descobertas só batem à nossa porta quando se vive. Mas olha só que este pesquisador de Harvard está dizendo sobre felicidade e satisfação com a vida, a partir de dados de um estudo que existe há 75 anos!)