São Paulo é uma puta velha. De longe parece feia, até repulsiva. Não foi feita para ser contemplada pelo Google Earth.
Ao aproximar-se dela, porém, ela enrosca qualquer um que passe perto com mais tentáculos que um polvo. Deve ser por isso esta cidade não é considerada turística. Se o turista demorar um pouco mais, periga ficar: mais um para reclamar da poluição, do trânsito, da sujeira, da violência... E que também nunca vai embora desse caos. Aí é que está.
Esta cidade nos serve com suas pernas quentes e úmidas há pelo menos 457 anos. No entanto, fora da alcova, é mais enxovalhada que mãe de juiz de futebol. Ninguém admite que gosta desta puta velha. E mais: que não se vive sem ela.
No meu caso, nunca tive escolha: nasci no meio deste caos às 00h20 de 13 de outubro de 1982 no bairro de Santana, filha de gente que largou outra terra e foi adotado por esta puta-velha-coração-de-mãe. E só depois de 28 anos é que tive coragem de declarar amor por esta cidade.
E o fiz porque soube que quem não mora aqui não consegue perceber o quanto esta cidade é fascinante, impressionista ao contrário: precisa chegar perto para entender. Por isso o Google Earth não lhe cai bem.
Mais gente poderia admitir que tem um caso de amor com esta puta velha. Quem sabe isto não inspire mais cuidado por parte das pessoas. Cidades são feitas de prédios, mas também de gente. Esta só tem devolvido o caos que temos dado a ela todos os dias.
Está na hora desta puta velha se cansar de ser mulher de malandro e exigir um pouco mais de cuidado de quem dela se serve. Ou que mande essa gente toda caçar quem rode a bolsinha em outra freguesia. A do Ó não serve.
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