Bufão reconhece outro bufão, mesmo a quilômetros de distância. É uma espécie de irmandade o negócio. Algo como a Maçonaria, a Internacional Comunista, sei lá.
Bufões jamais são minimalistas, tudo é exagero. Ou é muito magro, ou muito gordo. Ou é anão ou é gigante. Se não tiver nenhuma protuberância, falta-lhe uma parte do corpo. Não sendo nada disso, pode ser um excluído da sociedade, como mendicantes, putas ou bêbados. Ou somente um serzinho deslocado na galhofa. "Não tenho par nisto tudo neste mundo"...
O universo bufônico não está à parte desse mundo cão. "Os bufões estão à nossa volta. Inspirem-se neles!" - postula o Mestre dos Bufões, Jorge Didaco. Depois disso, vejo bufões a topo tempo. Onde as pessoas veem somente mais um esquisito, eu encontrei mais um bufão para me divertir e me fazer companhia.
Todos têm um bufão na alma, é questão de encontrar. E a experiência para quem encontra é doidíssima: aquele ser é você e é outro. A Susi tem muito da Flávia, a Flávia se exagera na Susi. As duas se necessitam e não se contrapõem.
Stefani Germanotta é Lady Gaga, disso todos já sabem. E o contrário, é também? Há quem diga que ela montou a personagem para entrar com os dois pés na porta no mundo pop, como entrou. Isso parece muito óbvio quando se vê seus clipes, seus figurinos amalucados e atitudes idem. Agora o mais engraçado é que ela está colocando cada vez mais a Stefani na LG. No último sábado saiu no Youtube, uma nova canção da doida, digo, da diva, em que todos disseram que é a melodia é muito mais orgânica, quente, sedutora, totalmente diferente do pop chiclete que tem mostrado. E é, de fato muito mais autêntica, com uma performance ao piano bem rock n´roll, endemoniada.
Em um dos comentários, algum gagaólogo proferiu: "não sei qual é a surpresa, antes de criar a LG, era esse o estilo com que ela se apresentava por aí, é só colocar 'Stefani Germanotta' no Google que vai aparecer." O gagaólogo tinha razão. Desde muito tempo ela mostrava maturidade na composição, segurança na performance, enfim, estava pronta faz tempo. E o bufão já estava lá.
Feinha, nariguda, meio magrela, cabelos "pretos como piche" - segundo ela mesma, uma deslocada, que se trancava no banheiro e copiava makes de estrelas hollywoodianas. Já era um ser estranho. Lady Gaga só veio para dilatar a garota esquisitinha, mas cheia de talento e decisão. Mais montada que dez drag queens juntas, tem o poder de se desmontar e remontar como bem entende.
Olhando por esse ângulo, ela não é tão doida quanto parece. Aliás, é capaz de uma lucidez que só os bufões são capazes de ter. Eu não disse que bufões se reconhecem? Ora pois, se não.
Só pra terminar: Uuuuuuuuuuuuuuh! Lady Gaga!
2 comentários:
Essa coisa de "ser aceito" é meio maluca, não?! é preciso até "bufar" para ter seu espaço...
Se bem que tem uma coisa....O bufão não tá nem aí pra ser aceito! Feio ou bonito, ele já se acha o máximo!
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