sábado, 24 de julho de 2010

O Pequeno Nicolau

Nunca tinha ido assistir a um filme só pelo cartaz. No cinema de hoje, em que se pode assistir trailers no Youtube, e talvez nem precise ir até o cinema para ver, com a possibilidade de fazer um download e ver em casa, ou nem fazer o download e assistir em streaming, achava que cartaz só funcionava para moderninhos colocarem na parede ou fazerem camisetas de filmes icônicos como Pulp Fiction, Matrix, ou Laranja Mecânica. Lembro de uma vez que saí do cinema e havia o cartaz de "Uma noite no museu", com uma estátua de um suposto homem das cavernas. Se você passasse do lado, ele pulava na sua frente. O negócio era tão engraçado que a gente sentou no saguão do cinema só para assistir o susto dos passantes.

O fato é que um bom cartaz ainda funciona. Na fila de outro filme, vi este e achei engraçado estes meninos com nomes de velho, terninho, calça curta e cara de Mad - lembra da revista? Pois é, fiquei curiosa e fui conferir.

Hoje em dia, há animações tão boas no mercado de filmes para crianças, e agora em 3D, que é raro encontrar bons filmes "de verdade" com temática infantil. "O Pequeno Nicolau" é a adaptação de uma série de livros francesa do escritor René Goscinny com ilustrações de Jean-Jaques Sempé que eu também não conhecia.

Nicolas é um menino comum, que adora sua vida de filho único em uma família pequeno-burguesa parisiense e estuda em uma escola só para garotos. A possível gravidez de sua mãe é a ameaça para sua vida perfeita, ele sente medo de ser abandonado na floresta e faz de tudo para se desfazer desse bebê que nem existe de fato. A partir daí, é uma trapalhada atrás da outra, dele e de seus amigos.



Ri litros com as cenas de escola. O filme se passa nos anos 1950, tanta coisa mudou na família e na infância desses tempos para cá, mas é incrível como outras não mudam. A educação continua sendo um misto de martírio com sadismo. Pobre daquela professora.

Apesar dos moleques serem umas pestes, o filme é realmente muito bonitinho, singelo, sem duvidar da inteligência e perspicácia da garotada. Para adultos, nos lembra que a criança tem seu próprio universo, mas que não está dissociado do mundo em que ela vive. Os medos infantis - como o do abandono, por exemplo - podem ou não ter fundamento, mas dentro do seu universo são verdadeiríssimos. A gente já sentiu esses medos, alguns destes nos acompanham a vida toda, mesmo que a gente não admita. Se isso fosse mentira, Freud não teria causado metade do frisson que causou.

Gostei tanto que estou pensando levar meu sobrinho mais velho para ver, que há um ano deixou de ser filho único. Só tenho medo que ele se inspire a contratar um gângster para tentar se livrar do irmãozinho. Vai saber!

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