Hoje em dia, há animações tão boas no mercado de filmes para crianças, e agora em 3D, que é raro encontrar bons filmes "de verdade" com temática infantil. "O Pequeno Nicolau" é a adaptação de uma série de livros francesa do escritor René Goscinny com ilustrações de Jean-Jaques Sempé que eu também não conhecia.
Nicolas é um menino comum, que adora sua vida de filho único em uma família pequeno-burguesa parisiense e estuda em uma escola só para garotos. A possível gravidez de sua mãe é a ameaça para sua vida perfeita, ele sente medo de ser abandonado na floresta e faz de tudo para se desfazer desse bebê que nem existe de fato. A partir daí, é uma trapalhada atrás da outra, dele e de seus amigos.
Ri litros com as cenas de escola. O filme se passa nos anos 1950, tanta coisa mudou na família e na infância desses tempos para cá, mas é incrível como outras não mudam. A educação continua sendo um misto de martírio com sadismo. Pobre daquela professora.
Apesar dos moleques serem umas pestes, o filme é realmente muito bonitinho, singelo, sem duvidar da inteligência e perspicácia da garotada. Para adultos, nos lembra que a criança tem seu próprio universo, mas que não está dissociado do mundo em que ela vive. Os medos infantis - como o do abandono, por exemplo - podem ou não ter fundamento, mas dentro do seu universo são verdadeiríssimos. A gente já sentiu esses medos, alguns destes nos acompanham a vida toda, mesmo que a gente não admita. Se isso fosse mentira, Freud não teria causado metade do frisson que causou.
Gostei tanto que estou pensando levar meu sobrinho mais velho para ver, que há um ano deixou de ser filho único. Só tenho medo que ele se inspire a contratar um gângster para tentar se livrar do irmãozinho. Vai saber!
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