segunda-feira, 30 de março de 2009

Smells like a gunpowder spirit


Na última quarta-feira, a Seleta Audiência pode ter ouvido falar que, em uma escola municipal da Zona Norte de São Paulo, um aluno de 14 anos atirou acidentalmente em sua colega com revólver calibre 38 cano longo. É uma tendência nossa acreditar que isso pode acontecer em qualquer lugar, nunca perto da gente. Pois é, Seleta Audiência, até o ano passado, eu trabalhei nessa escola. E mais: tenho uma leitora de textículos trabalhando lá agora e que estava na sala ao lado quando isso aconteceu. Por muito pouco teria sido ela a professora a estar naquela sala na hora do ocorrido.

Todo mundo acha um absurdo, todo mundo se pergunta onde vamos parar assim, e principalmente, coloca a culpa na direção e no corpo docente da escola, como vi pela TV. O mané-pipoca do Percival de Souza falou naquele 'espreme-sai-sangue' do Cidade Alerta que isso era falha da direção da escola. E a gente tem direito de revistar mochila de aluno por um acaso, Sr. Especialista em Generalidades?


Ano passado, em outra escola em que trabalho, eu vi, ouvi e cheirei uma bomba no corredor bem na volta do intervalo. A confusão foi tanta que me perguntei se estava na Faixa de Gaza e cogitei mudar o patrono da escola para "Bin Laden". Naquela época já fiquei atordoada, me perguntando com que tipo de gente eu estava lidando. Imagine hoje, ao saber que por pouco não tomei uns pipocos, se tivesse continuado naquela escola da prefeitura, isso sem contar a Bozonifácia, que acompanhou tudo de perto.


Certa vez, na minha sala de aula, um colega trouxe uma arma, só que era de brinquedo e a munição de chumbinho. Ainda assim, a professora ficou desesperada: "Menino, me dá essa arma!"


"Mas professora, é de brinquedo!" E a professora: "Claro que não é, menino, já estou sentindo o cheiro da pólvora, me dá isso!"


Depois dessa frase, a prô perdeu o respeito, a sala desabou a rir. Se não tinha nem munição, que dirá pólvora pra ter cheiro?


Imagino o desespero da minha ex-professora, hoje colega de profissão, mas não deixa de ser engraçado o pânico da pobre com aquele 'treisoitinho' em cima da carteira do meu colega. Se ela estivesse no lugar da Bozonifácia, ela cairia dura. Renata, que mal teve tempo de sentir o cheiro da pólvora, teve que sentir também o legítimo cheiro de sangue, afinal o tiro acertou o joelho da infeliz que fez o favor de ficar perto de um zé-ruela armado sabe-Deus-porquê.


Por essas e outras começo a achar românticos estes anos 90. As pequenas transgressões - como uma arma de chumbinho - tinham graça. Porque, para mim, esta notícia não é nem um pouco engraçada, assim como os ares de Mcgyver que ganhou o Magistério contemporâneo. Não tem graça nenhuma, Duley.


*Por razões óbvias troquei a imagem original por uma foto do Kurt com armas: http://media.photobucket.com/image/kurt%20cobain%20with%20guns/afewrandomdrunks/Kurt_20Cobain_20Gun.jpg

Nenhum comentário: