quinta-feira, 12 de março de 2009

Mulheres-andróide*

Sabe que ando com muito assunto e pouco tempo, e não gosto de texticular quando a vontade de escrever é mediana. Só que tomei vergonha na cara ao dar uma passadinha no OKComput3r, vizinhíssimo anda postando feito doido por lá. E todas as postagens são excelentes, então esse papo de quantidade X qualidade é conversa de blogueiro preguiçoso, como eu.

Um dos assuntos que eu tinha planos pra falar aqui foi sobre o Dia Internacional da Mulher e aniversário da Bozoca*, que nasceu num dia "danado de porreta". Acabei falando meio de soslaio, com a última postagem, porque a piada pronta da semana foi o dileto arcebispo meter a colher onde não foi chamado bem na semana do 8 de março, pra deixar os movimentos feministas beeeeeeeeeem contentes. E não pude deixar passar.

Comecei este textículo ontem, mas apaguei tudo quando li uma notícia no Terra, agora mesmo, cujo título dispensa qualquer comentário:


Ah, Cabral, fala sério. Mulher para ser perfeita tem que fazer café? Então, apaguei tudo, porque eu vi que minha discussão estava séculos atrasada. Eu falando de igualdade (de condições) entre gêneros, violência à mulher, patriarcado, raçãowhiskhasblábláblá e o babado está bem mais forte que eu pensava. Diz a notícia que "o inventor canadense Le Trung decidiu não perder tempo em busca da mulher ideal e criou sua própria. Aiko é uma robô androide que fala inglês e japonês, é boa em matemática e, segundo Trung, é muito paciente e nunca reclama." Lá pelas tantas, a notícia conta que "além de fazer companhia ao inventor e ajudá-lo com as contas, Aiko tem habilidades mais servis, como limpar o banheiro" e mais: "prepara chá e café, serve sushi, faz o café da manhã e limpa as orelhas de seu criador." O doutíssimo inventor ainda declara: "Ela não precisa de feriados, comida ou descanso, e pode trabalhar quase 24 horas por dia. Ela é a mulher perfeita."

Percebam que para a anta do inventor mulher perfeita não pensa, não tem desejos, não cria. É boa em matemática para as contas de um suposto orçamento doméstico e lava banheiros! E, apesar de ter sensores "lá embaixo" - palavras dele - é garantidamente virgem! Ou seja, para o tal, mulher perfeita nem precisa ser boa de cama.

Existe um paradoxo -quase um oximoro - entre o arcaico e o contemporâneo na ideia do tal cara. Uma pessoa capaz de criar um software de 50 mil reais tem um cérebro de minhoca desse? E o cabra choveu no molhado: alguém precisa contar para ele que cafeteira já existe e robô-empregada também. Lembram da Rose, dos Jetsons? E o Luís Fernando Veríssimo já tinha feito o seu exercício futurista sobre um cara que compra um robô-mulher-perfeita para substituir a esposa. Está no A Mãe do Freud (L&PM Pocket).

Então, quanto mais a gente discute sobre cibercultura, Vizinho das Galáxias, eu me pergunto: cheguei ao século XXI para isso? É contra-revolução pura, mermão! No meu tempo, o futuro era uma coisa bem mais interessante: os Jetsons eram descolados e a Rose é muito mais fofa que a tal da Aiko. Me manda direto pros 1960, por favor.

* Créditos da imagem: http://naredesaude.files.wordpress.com/2008/12/rose.jpg


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