quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Porque eu sou medrosa. Mas se eu desço pro play é pra brincar.

Dedicado a todos os meus amigos

Às vezes, Bozoca me chama de Layr Ribeiro por conta de uns chavões proféticos que de vez em quando sai da minha boca, ou dos dedos, meus fazedores de Textículos. Mas ela não fica atrás, viu. Primeiro foi o "Nós temos Licença Poética para o festival de bobagens", que eu até anotei de tão apocalíptico que foi. Revelação das boas. Nunca tinha visto a coisa sob este prisma.
A última foi essa do título. O que importa mesmo é o impacto da pérola profética de Bozolina Doe, e o que ela tem a ver com a nossa vida. A minha, a sua, de qualquer um que leia isso e que esteja vivo, ou quase.

Medo. Cheiramos com frequência flores amarelas e medrosas¹. Esqueça os clichês de comercial das Havaianas, aquela coisa de viver a vida intensamente. Uma hora ou outra, a gente deixa de lado nossa felicidade, nossos amigos, tudo aquilo que pode nos ser caro de fato.
Eu também odeio ver poesia escorrendo pelo ralo e por isso dói a consciência de tudo que (não) tenho feito da minha vida.
A verdade é que sinto uma falta brutal dos meus amigos. Dos antigos, daqueles que presenciaram as minhas metamorfoses todas. Não é a primeira vez que isso acontece, assim como não é novidade que, de tempos em tempos, a gente se espalha e se ajunta outra vez. O que muda é que agora temos a real consciência da morte. Sofremos perdas muito duras e as feridas ainda não fecharam, se é que vão fechar. Hoje sabemos que um dia, vamos nos separar definitivamente e cair em si desse jeito, sem nenhum colchãozinho para aparar a queda é muito doloroso, pelo menos para mim.
Por essas e outras que combater o imobilismo que a rotina aos poucos nos impõe chega a ser um desafio, o décimo terceiro trabalho de Hércules. É preciso furar a bolha, derrubar os cibermuros à marretadas. Só que isso dá medo. Um medo infundado, mas medo é sempre medo.
Quando se chega à uma conclusão dessa natureza, a vida parece uma brincadeira de corda. A gente fica olhando a corda bater no chão. As outras crianças já estão cantando "Um homem bateu em minha porta e eu a-bri!". E a gente lá, entre a ousadia e a cautela, tentando achar a hora exata de entrar. Depois que a gente entra, porém, não pode parar de pular, porque é arriscado levar um tropeção.
De tudo isso, eu tiro um certo alívio. Eu sei, eu também sou assim. "Porque eu sou medrosa. Mas se eu desço pro play é pra brincar"!

1 - ANDRADE, Carlos Drummond. Reunião: 10 livros de poesia. 7ª Ed., Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1976, p. 81 (A Rosa do Povo)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A minha não-busca pelo Pulitzer - Parte Final


Meninos, meninas e similares. Calipígios e Onanistas¹,

Chega ao fim a genialíssima série sobre meu grandíssimo saco cheio dessa mania de ter que ser superlativíssima ao extremo o tempo todo. Os pleonasmos não são viciosos e sim estilísticos, apesar de todo o vício que tenho no exagero e por consequência, em pleonasmos intencionais. Hoje vocês vão ver que toda minha impiedade com gente mediocremente pretensiosa também se aplica a mim. Quer dizer, minha língua viperina não perdoa ninguém, nem eu mesma. Minha irmã não entende que minha coerência beira a auto-flagelação, então ela pensa que isso é falta de "Pensamento Positivo" (arght!), mas isso merece outro Textículo. Deixa no gelo, por enquanto.
Chega de delongas. Vai um textículo das antigas aqui, devidamente envelhecido em barris de carvalho, para que vocês vejam que é antiga minha não-busca pelo Prêmio Pulitzer. Lá vai:

Mediocriticidade (Ou "Crítica à própria mediocridade")
26/10/2004

Eu não sou cult
Eu não sou brilhante
Meus poemas quase sempre copiam os poemas que gosto
(Bom gosto eu tenho, ah isso eu tenho sim!)
Não sou mulher à frente do meu tempo,
sou tão romântica que até vendo Laranja Mecânica torci por um "final feliz".
Além de romântica eu sou ingênua
(Isso não chega a ser defeito, mas não combina muito com o rótulo de garota super-poderosa que por vezes me dou)
Nunca senti um amor de fato e desejo isso
Aliás, sou toda desejo, realidade pra mim é um sonho fantástico.
(Essa última expressão é um redundância não-proposital, o que mostra que não escrevo tão bem assim!)

Ser medíocre é meio chato sim, mas por vezes é um alívio.
É como andar de pijama e chinelo na Avenida Paulista:
Lindamente sem noção.

É isso gente. É para mim mesma esta cambalhota. Quem quiser pode assistir, quem quiser, que faça outra!

1 - Citando Bozoca, que por sua vez cita os Professores Del Nery e Chicão, dos tempos do Derville, toda vez que inicia um texto do "Aventuras Macabeuzas"² com esta expressão, largamente usada pelos nossos ex-mestres.
2 - Não psicografamos nenhuma carta do falecido blog, até porque Chico Xavier também já morreu. O domínio ainda existe, então ela continua postando textos - maravilhosos, por sinal. Vale dar uma olhada: http://aventurasmacabeuzas.wordpress.com

Textículo jorrado por Mr Mag00 em 25/02/2008

sábado, 23 de fevereiro de 2008

A minha não-busca pelo Pulitzer - Parte II

Continuo firme na minha não-busca pelo Pulitzer. Faz algum tempo já que eu descobri que não estou nem nunca estive na acima da média. Ela é que anda um tanto rasteira. Lembram daquele dito popular "Em terra de cego, quem tem um olho é rei"? (Alilás, é bem coisa do nosso tempo um verdadeiro pavor da mediocridade. Até a palavra traz um certo horror, um certo asco. É que mediocridade é uma coisa....medíocre, saca?)
Exatamente porque a média anda tão abaixo da crítica que não é mérito nenhum, hoje em dia, ter lido um clássico a mais, escrever decentemente, ter idéias razoavelmente boas. Qual é a vantagem? É muito fácil competir com "E aí, quem foi pro paredão hoje?". Não precisa ser o Nietzche para ser melhor que isso.
Talvez porque a média seja tão rasteira, parece que é quase uma obrigação ser "extraordinário" em tempos de QB (quociente de burrice) extremo. Em "Macabéa não pensa positivo" eu já falei o que penso sobre isso. Não abro mão do meu direito de ser gauche, estranha no ninho, ou como o Filipe gosta de dizer, loser. É a rebeldia sem causa remanescente da minha adolescência.
(Não se enganem. Eu não sou modesta. "Nóis é Macabéa, mas nóis se acha!", talvez diriam as falecidas Macabeuzas. Se alguém tiver a curiosidade de rastrear as minhas comunidades orkutianas, vai ver que tem uma lá assim: "Desculpe-me, mas eu sou culta". Não é para levar a sério, gente. Tenho Licença Poética para este festival de bobagens.)
Trocando em miúdos: é tudo uma questão de proporção. Já até sei o que fazer se eu virar alvo das minhas críticas de hoje. Vou consultar a lista de livros que o Michel Melamed mantinha em seu perfil do Orkut, e que se não me engano, agora está na página do seu programa, o Recorte Cultural*. É de desanimar em termos de extensão e densidade. Volto a me sentir burrinha na hora!

*Alguém se habilita? Eis a lista do Melamed: http://www.tvbrasil.org.br/recortecultural/livros.asp.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Nada será como antes

O Blog Literário Mais Sem Importância do Ciberespaço também é o Mais Sem Audiênicia, o que me permite não ter de fazer nenhuma concessão. Ah, que maravilha não ser um grande meio de comunicação em massa numa hora dessas...

Hoje, nada digno de nota. Só uma melancolia e solidão de dar pena. E uma certa perplexidade nisso tudo.

Esta cambalhota quem quiser pode assistir, quem quiser que faça outra. Por hoje é só pessoal!
Textículo jorrado por Mr. Mag00 em 20/02/2008

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Sonho de um sonho


"Sonhei que estava sonhando, e que no meu sonho esculpido, os três sonhos superpostos dir-se-iam apenas elos de uma infindável cadeira de mitos organizados...


Sonhei que o sonho vinha como a realidade mesma...sonhei que o sonho existia não dentro, mas fora de nós, e era tocá-lo, sorvê-lo
gastá-lo sem vão receio...


Sonhava que o meu sonho retinha uma zona lúcida, para concretar o fluido...sonhava que estava alerta, e mais do que alerta, lúdica, e receptiva, e magnética e em torno de mim se dispunham possibilidades claras!


Sonhei que os entes cativos dessa livre disciplina plenamente floresciam, permutando no universo uma dileta substância e um desejo apaziguado de ser um com ser milhares, pois o centro era eu, de tudo! "


Bem, esta aí da foto é meu outro eu-lírico, a Susi. Ela é um bufãozinho anoréxico e que de tão bufão, ficou isolada até dos outros bufões (putas, anões, refugiados, só a 'nata' da sociedade). Foi ela que trocou todas as bolas do poema Sonho de um Sonho¹, do Carlos Drummond de Andrade, e quando chegou sua hora de falar, ela cuspiu seu poema predileto assim, todo trocado. Mas ainda assim fez sentido. Tanto que virou o nome da performance² toda, como se todo aquele universo onírico tivesse saído dos seus lisérgicos miolos. Puta merda, que saudade.

1- Para quem quiser conferir o poema inteiro, lá vai:
ANDRADE, Carlos Drummond.
Reunião: 10 livros de poesia. 7ª Ed., Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1976, p. 172 (Claro Enigma)
2 - Para quem não sabe lhufas de que estou falando: www.fotolog.com/dixie_bandit/31307963


Léxico nordestino

Dia desses eu tive um ataque de bobeira, não por falta do que fazer: minhas férias acabaram e professor leva trabalho para casa sim, senhores. (Se eu faço o que tinha que fazer, é outra história, pula essa parte.)
Voltemos ao ataque. Minha amiga Nadja, ex-Bozolina, trabalha com gente de várias partes do Brasil e até do mundo, praticamente uma garota multinacional. E ela me vem com uma história de que tinha aprendido uma expressão nova com um técnico lá das terras de cima do mapa do Brasil, que, como diz meu pai, "onde não chove mas o mato é verde".
Eu sempre tive um verdadeiro fascínio pelo que chamo agora de "léxico nordestino". Lembra umas coisas que eu só ouvia dos meus avós, e que de vez em quando ainda ouço da minha mãe, das minhas tias, às vezes até minha irmã vem com umas expressões que me sinto como se estivesse "nas Paraíba". Pense!*
Quando Ná me vem com "butar buneco=aprontar confusão", tirei dos arquivos empoeirados de minha mente fálica dois endereços que acessei ainda nos tempos que trabalhava para a Aol: o dicionário de Cearês¹ e o dicionário de Pernambuquês². (Achei o de Paraibês também, mas não era completo como poderia ser. Humpf!)
Como diz a Garota Multinacional, eu perguntei ao oráculo (o Google), se estes sites ainda existiam e a-há! - eles ainda estavam lá. Vou ver se colo aqui algumas expressões mais absurdas e as que me arrancaram mais risadas.

Pílula-bufante - Batata-doce (Tá com gases presos? Uma pílula bufante resolve seu problema!!!)
Selada – Mulher virgem (Se vacilar, aqui em São Paulo, vira "Itaipava"...)
Bulida - Antônimo de selada, mulher que perdeu a virgindade. (Antes ser bulida que ser bundeira, ver significado abaixo)
Bundeira – Mulher que pratica sexo anal mas continua virgem: "Ela ainda não tá perdida, é só bundeira" (Gente, pára tudo!!! Ter 'termo técnico' para um caso tão específico! Depois eu é que sou louca! Eu sou normal, o mundo é que é estranho.)
Baitola - Homossexual masculino. A palavra tem origem na construção da primeira estrada de ferro do Ceará. O chefe da obra era um engenheiro inglês, muito afetado, que repetia "atenção para a baitola" se referindo a bitola - distância entre os trilhos. (O negócio é tão caprichado que tem até etimologia!)
Rebuceteio – Confusão; revide (De uso praticamente impossível por aqui. Imagina eu entrando numa sala de aula em pandemônio e esbravejar: "que rebuceteio é esse???" Pode até dar Conselho Tutelar. Eu, hein, sai fora!)
Quiprocó – Situação confusa, confusão (esse é mais bonitinho...)
Chei dos pau - Bêbado. (Sem comentários)
Fazer mal - Desvirginar. "Ele fez mal à moça". (Se o serviço foi caprichado, devia ser "fez bem", né?)
MÚSICA PRA QUEM TEM MÃE NA ZONA - Música brega. (Puta merda, essa expressão é grande utilidade!)
PENTEADEIRA DE PUTA - Enfeitado. (Esse é pra fechar. "Cuidado para não investir num visual muito over, você pode estar parecendo uma penteadeira de puta!!")

*Pense! - uma expressão paraibana que não apareceu em nenhum dos Dicionários e é uma interjeição de uma admiração que pode vir só ou acompanhada, tipo "Pense num cabra c'a mulesta-dos-cachorro!!"
1- http://www.pe-az.com.br/especiais/pernambuques.htm
2-http://www.mpinfo.com.br/phpBB2/viewtopic.php?p=65664&highlight=&sid=135274f779d7b98737ad52b319b74636

Por hoje é só pessoal! É para mim mesma esta cambalhota. Quem quiser pode assistir, quem quiser que conte outra!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

A Incrível e Macabéica Volta Dos Que Não Foram

Como se sabe, as Macabeuzas foram uma autêntica Volta Dos Que Não Foram. Em memória do finado blog, jorro aqui o único textículo feito por Macabéa Doe, um dos meus "eu-líricos", especialmente para o falecido. Lá vai, depois eu aviso para vocês o dia da missa de sétimo dia.

"Macabéa não pensa positivo!

Macabéa confessa: ela já leu livros de auto-ajuda. Coisa que, de tanto vender livro, virou gênero literário: narrativo, dramático, épico e auto-ajuda.

Macabéa confessa também que já tentou pensar positivo (lembram do Garoto Enxaqueca?), assim, quando a vida não está legal. E ela é tão Macabéa que não conseguiu! E aí mandou o pensamento positivo para PQP, sem culpa cristã.

Sou da opinião do Patch Adams -o cara, não o filme: pensamento negativo é não pensar. Pensar é um ato, então é positivo. A ausência da ação é que é um ato negativo. (Pronto. Uma porção de antas vão descobrir agora que pensam negativo (sic), melhor, que não pensam. Eu sei que há metafísica bastante em não pensar em nada, mas Patch e eu falamos de gente que não sabe usar a massa encefálica nem para meditação, de gente lobotomizada ao extremo, espécimes que se não existissem, tornariam o mundo um lugar deveras melhor para se viver e um tanto sem graça, porque dizimaria este Púlpito das Desasjustadas, devido à falta de munição para as Macabeuzas destilarem seu santo veneno. Já pensaram nisso, meninas?)

Eu já estava me esquecendo dessa pataquada pós-moderna quando minha irmã e meu cunhado voltam a entoar o mantra “Peeeeeeeeense positivo” e a vítima quase sempre sou eu, só porque meu esporte predileto é resmungar.

Rabungentices à parte, o pior dessas auto-ajudices não é a pilha de clássicos que as pessoas deixam de conhecer. É essa obrigação permanente e implícita de vencer sempre, se dar bem sempre, ser bem comida sempre, sorrir sempre. Para Macabéa, nada pode ser mais irritante. E o seu sagrado direito de quebrar a cara de vez em quando, onde fica?

Ps.: Esta conspiração macabéica já estava praticamente pronta quando, de tanto pensar positivo (sic), um carro sem motorista bate no carro do meu cunhado quando este estava já estacionado. Acho que eles não pensaram positivo o suficiente. Ou não, porque ao menos ninguém estava mais lá. Familía unida é macabéa unida!"

Textículo jorrado por Mr Mag00 em 03/02/2008

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Sobre Cibercultura, Vizinhos e Muros

Como se sabe, o Muro de Berlim primeiro virou entulho para depois virar filme. (E ele deve orgulhar-se da sua transubstanciação. "Adeus, Lênin!" é um dos filmes mais lindos e poéticos que eu já vi.) Ideologias à parte, imagino que quem assistiu à queda do muro ao vivo e à cores deve ter sentido uma puta esperança de que houvesse um mundo sem divisões no pós-Guerra Fria. Que triste engano.


De lá para cá, parece que tenho visto cada vez mais muros, e maiores. O da Faixa de Gaza cumpre praticamente o mesmo papel que seu avô alemão sem a mesma aura mítica, mas com o mesmo horror. As escolas se parecem cada vez mais com presídios, e talvez o sejam mesmo. Os muros das "propriedades particulares", os muros da nossa insegurança. Os muros não-físicos, feitos de medo e intolerância ao diferente, ao feio, ao desajustado.


Nenhum muro, porém, me assustou mais que os muros da minha casa. Quando nos mudamos para cá, os muros eram baixos. Começaram a subir com os assaltos. Pronto, a residência de periferia de uma prosaica família de comercial de margarina já começava a ficar com um aspecto mais repulsivo.


Os muros que se seguiram, físicos e não-físicos, começaram a subir dos dois lados e já não era mais por segurança. Durante um bom tempo moramos ao lado de um paradoxo e também o fomos. Perto e longe. Quase incomunicáveis.


Há pouco menos de um ano, os muros deram sinais de queda. Pouco a pouco e dolorosamente foram ruindo, à custa de lições muito duras, dessas que só a Vida sabe dar.


Senti que o último muro da minha casa caiu definitivamente ontem, sem marretas nem entulho. Bastaram dois PC's conectados à Internet. Quando eu ouvi pela primeira vez que "a Internet encurta distâncias" imaginei, sei lá, o Japão. Nunca, em nenhuma hipótese, imaginei que ela atravessasse a distância de uma única parede e sem aquelas firulas de Exterminador do Futuro! O impacto foi como se eu tivesse descoberto o teleporte.


...Isso sim é Cibercultura, o resto é ficção científica.


Textículo jorrado por Mr. Mag00 em 06/02/2008

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

A minha não-busca pelo Pulitzer - Parte I

No textículo anterior, eu tinha escrito que as notícias caem na obsolescência muito rapidamente no ciberespaço. Mal sabia eu que esta frase já tinha nascido com cara de piada velha. Tão velha e batida que eu fui obrigada a excluir o pobre do textículo. Quem leu, leu. Quem não leu, não tem problema, estamos no Blog Literário Mais Sem Importância do Ciberespaço.

Como atualizações no Ciberespaço são verdadeiras pegadinhas, não farei mais atualizações e sim esclarecimentos. Da menor importância, é claro.

Primeiro, eu me esmero em jorrar estes textículos sim, mas para que todo mundo goze, só. Para que seja prazeroso. Minha intenção não é ser genial, porque não estou buscando o Pulitzer. Porque meu negócio é ser anônima e tão sem importância quanto estes textículos que ando jorrando por aí.

Se "meu verso é minha cachaça", aqui é o meu boteco. Gosto de escrever. Desde recado ao pé do telefone até escrever na lousa (o que não suporto é o giz: resseca as mãos, empoeira a roupa e não sei que graça que aluno vê em um pedaço de cal para viver roubando estes que são só instrumentos de trabalho. Arcaicos, por sinal.).

Outra coisa: talvez a minha modéstia seja a minha forma de Vaidade. Porque gente modesta de verdade costuma ser discreta e quem me conhece sabe que eu não sou nem um pouco. Eu sou mesmo um bicho estranho: por mais autoritária, espalhafatosa e falastrona que eu seja, odeio gente de ego inflado. Desculpa, gente, ninguém é perfeito. É algo que me irrita profundamente.

(Costumo dizer que me tornei atriz por acidente. Gosto da idéia, acho que é um ofício que proporciona uma visão panorâmica do ser humano, muito mais que ser padre, analista ou atendente do CVV. Do palco, eu gosto mesmo é da coxia, porque é lá que a magia do Teatro aparece pra valer, na minha modesta opinião. Onde já se viu, atriz que não gosta de aparecer? )

Por hoje é só, pessoal. Os esclarecimentos da menor importância parecem ter sido feitos da maneira mais caótica. Pode ser até que a cabeça do pobre leitor tenha ficado mais confusa. De qualquer maneira "não estou fugindo da proposta do blog", porque segundo a descrição do próprio, a proposta é "das mais simples: escrever o que der na telha, sempre primando pela brevidade, prolixidade ou incoerência, o que vier primeiro." Hoje foi o dia da prolixidade e da incoerência.

E outra, lembrando o primeiro textículo: "é para mim mesma esta cambalhota". Quem quiser pode assistir, e quem quiser que conte outra.

Textículo jorrado por Mr. Mag00 em 12/02/2008

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

MetaBlogagem (ou Blog Literário uma ova!)

Calixto de Inhamuns, amigo e dramaturgo, um tremendo fanfarrão, andou dizendo que os Textículos era um blog literário, e não era elogio. Bem, o negócio dele é tirar sarro da minha cara, algo que me acostumei trabalhando com ele no mal-fadado grupo de teatro da Famosp-pi. Ele tira troça da cara de todo mundo. Isso, na verdade, me puxa para o textículo que eu imaginava há milênios para este "grande meio de comunicação em massa". O maravilhoso e obscuro mundo dos blogs.
A primeira vez que me sugeriram criar um blog, seria para publicar meus poemas, afinal eu sempre gostei de escrever. Fui olhar um blog de poesia. Achei um porre. Sou uma escritora medíocre orgulhosa. Se for para divulgar o que escrevo vendendo livros auto-editados na porta do MASP ou fazendo blog de poesia, melhor que a genialidade da dona dos textículos seja reconhecida postumamente. É mais glamouroso. Não tenho, necessariamente, nada contra quem vende seus livros na porta do MASP ou possui blogs "literários". Só não me imagino me levando a sério fazendo essas coisas, porque eu, tanto quanto o Calixto, não passo de uma fanfarrona.
Nunca gostei muito de blogs. Como assim, confissões pessoais na rede? Se for para fazer isso, sempre preferi o diário de papel, como ainda o tenho. O prazer é outro, mesmo que não haja segredos invioláveis a serem descobertos. Tudo que um diário quer é ser revelado, mas sem alardes.
O primeiro blog que eu conheci e que realmente valia a pena gastar um tempo lendo era - e ainda é - o "Homem é tudo Palhaço" (link em Blogs Camaradas). Pelo tema, pelo estilo das Donas do Circo e pelo furor machista que ataca os palhaços que não passaram com louvor nos exames finais do curso de Palhaço por correspondência com o Arrelia. Tive até meu circo particular e genérico, a Palhaçoterapia. Bibi e Éder que o digam, estrelaram junto comigo neste picadeiro que foi desmontado há algum tempo.
O fato de eu ser avessa a blogs não significava, necessariamente, resistência à idéia de criar um. É que eu só faria quando eu realmente estivesse com vontade, o que aconteceu só agora. E junto comigo, como bem apontou Forest, amigo e vizinho, "agora toda Velha Guarda da Vila Souza resolveu criar o seu blog ao mesmo tempo, sem ter combinado nada". Fui conferir e fiquei muito satisfeita porque todos são radicalmente diferentes um do outro. Okcomput3r lança olhar sobre questões contemporâneas e ciberculturais e faz isso muito bem; Ambiente Urbano discute questões ambientais e o autor tem propriedade para falar do assunto (é biológo, em vez de mais um ecochato que não sabe diferenciar uma lesma de uma taturana); e o Tio-Zé começou com a genialidade do Leonardo Da Vinci e não sei o porquê dele ter parado de postar, o que achei uma pena, mas ele me prometeu que voltará. E ainda há outros blogs que estão merecendo uma visita mais apurada.
Como se pode ver, demorei mas entrei de sola. Não contente com os Textículos, solitários e onanistas, entrei num menage-à-trois blogueiro. Eu, Nadja e Raiter (doravante denominadas, Macabéa, Bozolina e Dulcinéia Doe) topamos uma sacanagem. Vem aí As Aventuras Macabeuzas, para entrar nos anais da história como o blog anônimo e sem relevância mais macabéico da Rede!