sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Eric Clapton

Como se fosse a sala de casa!
Estive no show do Clapton no último dia 12. Antes eu me perdia em um milhão de coisas desnecessárias, como por exemplo, pegar set list do show antes, e depois, ler as críticas. Ah, as críticas. Larrosa tem razão: padecemos de excesso de informação e opinião. Geralmente, não se aproveita nem 10% do Festival de Bobagens que o povo fala e que a mídia veicula. 

Saca só: estávamos no show do Eric Clapton, conhecido como DEUS da guitarra. Não é rei, não é mestre, precisamente deus. Até eu, que sou falastrona, me calo diante de um deus. Mas sempre há um entendido para cuspir informação inútil. Diante de um solo nas primeiras do show, um ser me solta um: "Que feeling!" Não é uma das piores que eu ouvi na vida, mas dava para passar sem essa. Cala a boca e escuta, ô infeliz! 

Andaram reclamando que ele não fala com o público. Isso é coisa de gente carente e desavisada. Se querem um entertainer, que tentem os animadores de auditório. Há também shows de stand-up feito por pseudo-comediantes de péssimo gosto que só sabem fazer piada de gordo e loira de primeiríssima linha pululando a cada esquina. Eles animam à beça, ó!

Artista agrada com a sua arte, não fazendo sala. Depois de tantos anos com a guitarra em punho, para que falar? A guitarra fala, grita, geme, sussurra por ele, não é necessário mais nada. 



E ao final, as críticas. Graças ao Barbudão, dispensei essas muletas para construir meu gosto. Mas ainda me reservo a ingenuidade de me indignar. Dizer que Gary Clark Jr. - guitarrista que fez o show de abertura era ruidoso e exagerado é um pouco demais. Quer botar defeito no show, fala que o telão pifou, que não se achava o local para se retirar os ingressos porque a comunicação visual não estava comunicando nada,  e que por sua vez os funcionários não passavam nenhuma informação corretamente, que o preço das bebidas e comidas era extorsivo... São defeitos de verdade, nem é necessário inventar.

Este show poderia ter rolado num estádio de grande porte como o Morumbi ou num boteco obscuro. Poderia ser o deus da guitarra, ou um tiozinho inglês de 66 anos que toca um blues desde que se entende por gente. Não mudaria muita coisa. Num lugar daquele tamanho, e todo mundo tão catatônico (e quieto) que o áudio dos vídeos está perfeito - fora quando eu resolvi cantar Layla, mesmo rouca.

À parte todos os rótulos, o que fica é a música. Nada mais importa, para quem a ama de verdade. Só quem estabelece uma relação direta com ela, sabe do que estou falando. Coisa de viciado em grau máximo.

Para os que amam a música do fundo do seu baço é que eu dedico esta cambalhota! 

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