quarta-feira, 16 de março de 2011

Vamos brincar perto da usina

A capacidade do ser humano em ser egocentrado (leia-se: egoísta mesmo) é absurdamente incrível. Somente nesta semana que assisti a alguns noticiários e li alguns jornais sobre o terremoto-tsunami-acidente nuclear do Japão. De fato, desgraça pouca é besteira. Se vem, vem de lote e a galope. 

Do outro lado do mundo, o caos está completamente instalado em uma situação que só se compara a Segunda Guerra Mundial, que deixou o Japão afundado na lama. E mesmo assim  eu  só conseguia pensar em mim! Agora me sinto péssima por isso. Poderia ser qualquer um de nós! Ou ainda acha que no Brasil não existem desastres naturais? Faz-me rir! Aqui já aconteceram e acontecem terremotos, vendavais, enchentes,  queimadas, deslizamentos de terra. A Natureza é caótica, irmãozinho. Não tem nada a ver com ira dos deuses. Todas estas pessoas foram vítimas do acaso. 

Este último parágrafo é feito de um cinismo dos mais sentimentalistas e baratos. Mesmo com todo este mea-culpa, eu ainda penso só em mim. É que também o PIG é foda, né gente? Quando começa com uma coisa, não para mais. A avalanche de informações é tamanha que chega um ponto em que você filtra para não enlouquecer. O pior efeito colateral deste processo é perder a sensibilidade, anestesiar-se por completo. Odeio muito tudo isso. Aí volto para meu mundinho de textículos e intrigas. 

Na verdade, todo mundo é um pouco assim. Por isso é que gosto tanto deste poemínimo do Mário Quintana. Quem tiver a cara de pau de dizer que Quintana estava enganado, que atire na professorinha.  
 
A nós bastem nossos próprios ais,
Que a ninguém sua cruz é pequenina.
Por pior que seja a situação da China,
Os nossos calos doem muito mais...
 
O fato é que as notícias sobre o acidente em Fukushima, e a reportagem sobre Shernobyl vinte e cinco anos depois do desastre me evocou algo bem mais corriqueiro. Lembrei de Angra dos Reis, da Legião. Uma das minhas canções de amor preferidas que titio Renato escreveu. 

Vamos brincar perto da usina. Brincar com radiatividade, perigo. Amar é bem assim mesmo, um constante brincar com fogo. E achar que não é nada. Pra que se explicar, se não existe perigo? Não adianta chorar, se por um acaso se queimar. É assim mesmo.

Não estou com dor-de-cotovelo, muito menos compatível com o nível da canção, só estou um pouco atônita. Angra dos Reis, porém, faz parte do meu relicário de lembranças adoradas. Mesmo se as estrelas começarem a cair, me diz: para onde é que a gente vai fugir?

É o que está acontecendo comigo. Estou das duas, uma: ou em ponto de fuga, ou em ponto de bala. Deixa pra lá, vai. A Angra é dos Reis.



Boa cambalhota noturna, gente! Urbana Legio Omnia Vincit!

2 comentários:

Gumercindo Guimarães disse...

Como sempre seus textos deliciosamente escritos (e com um toque de divagação neste ai)...mas dessa vez tenho um ponto a discordar: para mim o acaso não existe. Se está acontecendo tudo aquilo (e os istos, nos nossos arredores) é por alguma razão.
De resto... espero que você se decida se está em ponto de fuga ou de bala. haha
Beijos!
se cuide.
Gumer

Frida f5 disse...

Bem, o desastre natural tem uma causa igualmente natural - a isto que me referi como caótico. Agora, o desastre nuclear... Claro que não é por acaso.

Quanto a mim, fugir seria uma bobagem. Eu quero é mais!!! Hahaha!

Beijocas!