Pela segunda vez na história desse blog, eu subo no banquinho pra xingar a rainha. A indignação é grande, minha gente. E se escrevo em tom jocoso mais uma vez, é por pura revolta. Sou riot girl desde criancinha.
O que indigna tanto a fazedora de textículos não é um fato isolado, são várias pílulas de mediocridade, imbecilidade, somadas a um absolutamente odioso falso senso de politicamente correto. Quer ver?
Reforma ortográfica. Lei antifumo. Jonas Brothers¹. A redenção do Simonal. Agora todo mundo se esforça para ser bonzinho, mas é como naquela rima popular: "Por fora, bela viola. Por dentro, pão bolorento." A sociedade, em tempos de ditadura branca, não melhorou um milímetro, porque o que manda é a consciência e essa continua inexistente.
É antiga essa bronca, mas é cada vez mais forte o cheiro de ditabranda no ar, a caretice cada vez mais imperante. Ontem pensei comigo que na adolescência, eu surtei, endoideci e se naquela época, eu soubesse que este mundo ficaria tão falsamente comportado, eu teria surtado o triplo. E tenho dito!
Várias vezes comecei um textículo com esse tema, mas sabe-deus-porquê, ele não engatou, talvez porque faltasse o tom certo da tragédia (ou tragicomédia, se preferirem). Em 17 de fevereiro, um editorial da Folha ganhou notoriedade por classificar o regime militar brasileiro (1964-1985) de "ditabranda", termo cunhado por Pinochet, meu pedagogo preferido². Causou justificada indignação entre os que viveram este período que foi brando mesmo só para a direita e a milicaiada. Maria Victoria Benevides e Fábio Konder Comparato³ saíram em defesa dos que sabem muito bem que a dita não foi branda e na réplica, a Folha os chamou de "cínicos". No mínimo, sintomático isso. Depois, houve manifestação na porta da Folha e não sei porque merda não fiquei sabendo, senão teria ido. Isso virou matéria de capa na Caros Amigos do mês passado, com ótimas reportagens. Trata-se de uma piada velha? Que isso: não é piada, porque não tem graça e não é velha porque como diz Skylab: se quer notícia atualizada, que leia jornal (de preferências esses que chamam um período sangrento e cheio de desaparecidos políticos de pouca coisa, eu diria).
Para não ficar neurótica, eu dou risada. Ecos do duplipensamento. Aliás, o tom desse textículo foi dado pela minha indignação frente à indignação com uma piadinha politicamente incorreta minha, feita não por ignorância, mas por traquinagem mesmo. Pessoas, me economizem. Desse jeito vai faltar água e Flávia*no planeta. E a auto-sustentabilidade, onde é que fica?
Notas inútieis:
1 - Descobri a existência dos Jonas Brothers com um desenho de uma aluna e até lá, nenhuma objeção. Toda garota tem uma boyband pra chamar de sua. Mas esse negócio de usar anelzinho para mostrar que é cabaço é um pouco demais, não?
2 - "Se não conseguir com Piaget, vá de Pinochet." Trocadilho infame de professor tomando café com bolachas em parcos minutos de diversão num intervalo qualquer.
3 - Quando minhas bolas estavam (ainda) mais à esquerda, ouvi essas duas feras falando. Se não me engano, a Maria Vitoria no Fé e Política e o Comparato no Mística e Militância, ambos em 2002.
4 - Eis que Lady Hepburn revela sua identidade! Dãããã! ...Como se não soubessem.
2 comentários:
Humor ácido, gostei.
Na minha época vc podia ser cabaço, mas isso não era motivo de orgulho rsrs
Sandy e Britney Spears também eram motivo de piada. Na verdade, a Britney ainda é, dá uma olhada em que ponto ela chegou!!
Postar um comentário