Texticular audiência, minha fúria contista tem os seus motivos. Esta compilação de contos inspirados em canções da Legião Urbana é tudo e mais um pouco: linda, poética, pungente, trágica, surpreendente.
Engraçada a maneira como eu soube deste livro. Eu o descobri ano passado numa livraria na calma de uma semana pela metade, consegui sentar em uma cadeira confortável e ler alguns contos. Chorei na pia, mermãozim. Pensei em duas pessoas para presentear com este livro: ou minha irmã, ou Gazelita. Acabei comprando para ele, com ele ao meu lado da livraria e ele nem percebeu! Agora ele me emprestou para eu ler o resto. E garanto que é muito difícil descobrir qual é o melhor conto, ou mais bonito.
Os autores, todos fãs da Legião, ou seja - de fato escreveram com o fundo da alma - se apropriaram das canções para depois recriá-las em forma de conto, e de maneiras bem variadas. Ora elas são personagens das histórias, ora frases da canção saem da boca das personagens, ou ainda o mote da canção se transforma completamente, se metamorfoseia em história.
Sinceramente não sei como me saio como crítica literária, afinal não sou uma leitora contumaz de livros muito densos, nem leio muitos livros por ano. Ler para mim não é maratona, é um prazer lento, até meio preguiçoso. Talvez para fazer contraponto com a leitura objetiva e analítica que preciso praticar para estudar e trabalhar. Então quando leio por diversão, faço isso com uma lenteza caymmiana. Também se o livro não me arrebata, não me prende, largo sem cerimônia, deixo para quando estou realmente a fim.
Ou seja, para meus padrões, devorei este livro até que bem rápido, mas confesso que entre um conto e outro, às vezes me via catatônica, com o livro apertado contra o peito. O resultado estético destes contos é de um lirismo tal que a gente tem mais é que levantar as mãos para o Barbudão e agradecer o fato de que um dia Legião Urbana cruzou nosso caminho. Estas canções, apesar de permanecerem atemporais - não carencendo, portanto, de atualização - voltam com a mesma força de antes, mas amadurecidas, retransformadas. Como se tivessem ajudado todos estes autores a amadurecer, e agora eles retribuíssem com novos frutos.
Então, só me resta reiterar a recomendação do organizador da coletânea, Henrique Rodrigues: leia no volume máximo!
Ps: É difícil escolher um melhor, como eu já disse, mas eu tenho um preferido, que curiosamente foi o que eu primeiro li: Será, de Daniela Santi.
Serviço: Como se não houvesse amanhã, organização de Henrique Rodrigues, Editora Record.
2 comentários:
Aqui no meu trabaljo eu comentei sobre esse livro e tenho uma fila de colegas querendo ler-lo!!!
Livro devolvido, apelo ouvido!
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