domingo, 1 de novembro de 2009

Sobre minissaias e universitários

Essa fornalha anda tão parada, onde se meteu a dona dos textículos? Na roda-viva, evidentemente. É incrível, pode se passar duzentos anos, meus questionamentos são os mesmos, não por falta de criatividade, mas porque os motivos permanecem. Como diz papi: "mudam as moscas, mas a merda é a mesma!" Para variar, um monte de ideias ficaram pra trás, mas nem acho isso tão ruim. Estou vivendo, e num ritmo tão frenético que capturar certos momentos é quase impossível. Foda é que não consigo viver sem isso: sem escrever, sem criar, sem Textículos. Socooooooooorro!

O que me salva é que quando acho que já me tornei definitivamente uma professorinha adequada ao status quo, esperando pacientemente o dia em que o magistério vai me deixar totalmente louca para conseguir uma licença pinel no sexto andar do Servidor, acontece uma que solta meus bichos subversivos na rua. O que me soltou os bichos dessa vez o foi o prosaico caso da minissaia na Uniban.


De início, me revoltei com a reação esdrúxula dessas pessoas. Gente de vinte e poucos anos chocada com minissaia? Como assim, Cabral? Depois, assisti à entrevista da garota na Record domingo passado. Primeiro, ela diz que sua vida se travestiu num inferno depois do ocorrido, mas não consegue disfarçar que está saboreando seus 15 segundinhos de fama com mucho gusto (os 15 minutos de Andy Wahrol, hoje em dia parecem uma eternidade), fazendo questão de conceder as entrevistas (sim, no plural) com o famigerado vestido que causou furor na multidão de estudantes sem cérebro do campus da UNIBAN de Diadema. Ela poderia se tornar uma heroína contra a neo-caretice do século XXI, como uma Rosa Parks do terceiro milênio, que com uma atitude simples de se recusar a se levantar de um lugar no ônibus reservado para brancos em Montgomery, no Alabama, provocou um boicote de 381 dias ao transporte coletivo capitaneado por Marthin Luther King em 1955. Mas aí é que tá, minha gente. A garota não tem cacife para isso. É burra feito uma porta. Soltou pérolas na entrevista como "Desde que eu me entendo POR EU uso roupas desse tipo" e "O tumulto era tão grande que eu não consegui nem SAIR PRA FORA". Dois pleonasmos viciosos em menos de 15 segundos. Pobre de mim, em frente a TV sonhando com uma revolução neo-feminista... Com esse nível de cultura, a tal estudante de turismo no máximo consegue uma vaga em um reality show ou um convite para posar nua e dar bastante trabalho para os arte-finalistas da revista se matando de disfarçar celulites no Photoshop.

A grata surpresa do caso minissaia da Uniban foi encontrar o blog Educação Política, do professor de Ciências Sociais da PUC de Campinas Glauco Cortez, um verdadeiro antídoto para essa burrice institucionalizada. Sobre este acontecido, ele disse: "O caso da estudante da Uniban, que foi covardemente insultada porque vestia uma minissaia, mostra um pouco a cara de São Paulo e também que há um aprendizado educacional no Brasil que está muito distante das humanidades e das capacidades reflexivas. É o exercício da irracionalidade."

Agora, me fala: que eu vou fazer nesse mundo, com uma elite universotária, que se enfurece com uma estudante indo para a faculdade de minissaia e que fala sair pra dentro e entrar pra fora? Este país não é mesmo sério. Aqui tudo vira farofa, não só o metal do Massacration. Por essas e outras continuo congregando pessoas para me acompanharem na minha mudança DE mundo. Quem quiser que follow me.


Notas:
*Sobre Rosa Parks e Martin Luther: Bethinha, obrigada pela troca de ideias e tanto entusiasmo!
*Sobre Massacration: essa farofa pelo menos é inteligente e engraçada. Nada como não se levar a sério, como estes GoodBlood Headbangers.
*Créditos da imagem: http://temasparamulheres.blogspot.com/2008/09/minissaia-e-maxipolmica.html

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