Para meus alunos e colegas de trabalho
Os mais antigos ainda acreditam que o professor é um privilegiado - tem três meses de férias por ano! Mentira. Antigamente, em dezembro, o corpo docente das escolas aproveitava a ausência dos alunos dispensados - já se esbaldando de brincar nas ruas desde 30 de novembro - para se afundar numa pilha de diários de classe, provas, trabalhos, livros de atas, relatórios e registros, com os ventiladores quase levantando voo dentro das baias. Quando o trabalho útil e inútil acabava, cogitava-se jogar Uno e comprar sorvetes no atacado até dar o dia da abolição da escravatura, dia em que todo mundo (ou quase) se mandava para a Praia Grande. Mais fácil do que encontrar uma água-viva no Boqueirão, era encontrar por lá um aluno desavisado querendo te entregar trabalho.
Isso, entretanto, acontecia em outros tempos. Agora, os engabinetados alimentam a ilusão que pode-se sustentar as aulas até 22 de dezembro, mantendo o gado confinado até o dia do abate. E ai do professor que dispensar antes por conta, vai para a panela também. Quem diria, o Natal se aproxima e os perus somos nós, com um gume afiado apontando para as nossas fuças.
Sorte nossa que o poder ultrajovem não é nada bobo. Eles sabem que desperdiçar o cheiro quente de dezembro é um verdadeiro sacrilégio. A professorinha até sorriu escondido quando viu seus alunos assinando camisetas no pátio: melhor que isso só vai ser avistar a primeira pipa subindo no céu. Sinal de que as férias já chegaram, à revelia dos engabinetados.
Os mais antigos ainda acreditam que o professor é um privilegiado - tem três meses de férias por ano! Mentira. Antigamente, em dezembro, o corpo docente das escolas aproveitava a ausência dos alunos dispensados - já se esbaldando de brincar nas ruas desde 30 de novembro - para se afundar numa pilha de diários de classe, provas, trabalhos, livros de atas, relatórios e registros, com os ventiladores quase levantando voo dentro das baias. Quando o trabalho útil e inútil acabava, cogitava-se jogar Uno e comprar sorvetes no atacado até dar o dia da abolição da escravatura, dia em que todo mundo (ou quase) se mandava para a Praia Grande. Mais fácil do que encontrar uma água-viva no Boqueirão, era encontrar por lá um aluno desavisado querendo te entregar trabalho.
Isso, entretanto, acontecia em outros tempos. Agora, os engabinetados alimentam a ilusão que pode-se sustentar as aulas até 22 de dezembro, mantendo o gado confinado até o dia do abate. E ai do professor que dispensar antes por conta, vai para a panela também. Quem diria, o Natal se aproxima e os perus somos nós, com um gume afiado apontando para as nossas fuças.
Sorte nossa que o poder ultrajovem não é nada bobo. Eles sabem que desperdiçar o cheiro quente de dezembro é um verdadeiro sacrilégio. A professorinha até sorriu escondido quando viu seus alunos assinando camisetas no pátio: melhor que isso só vai ser avistar a primeira pipa subindo no céu. Sinal de que as férias já chegaram, à revelia dos engabinetados.