Façam suas apostas!
Textículo jorrado em 24/06/2008
Façam suas apostas!
Textículo jorrado em 24/06/2008
Foi-se o tempo em que eu queria mudar o mundo, agora eu quero mudar de mundo. Porque não pode ser possível eu ser da mesma espécie de gente que solta uma bomba no corredor da escola em pleno horário de intervalo ou que ateia fogo em área de Preservação Ambiental em dia de tempo seco. Aliás, estou me perguntando o que estes seres precisam para serem promovidos a categoria de ser humano.
Ficar sabendo desse tipo de coisa já me preocuparia bastante. Presenciar me deixa com vontade de me enforcar no pé-de-salsinha mais próximo. Além dos motivos tradicionais, com questionamentos clichês e vazios do tipo "Onde nós vamos parar assim?", também me preocupa o fato de que esta falta de ordem total é capaz de fazer com que até Mahatma Ghandhi se torne um porco reacionário. É o meu caso.
Primeiro eu acreditava que as pessoas teriam que tirar habilitação para pôr mais gente no mundo. Pensa só: se as pessoas fazem merda no trânsito com habilitação, imagina se não existisse. É só ver no que dá qualquer um ser capaz de copular com uma fêmea, fecundá-la, e esta por sua vez, conceber um novo ser e jogá-lo no mundo. Eu também era a favor da restrição da distribuição de óvulos, até porque a maioria não é usado. E TPM dá um prejuízo do cacete.
Mas isso era antes de querer mudar de mundo. Habilitação para procriar era uma solução progressista, quase de centro-esquerda. Minha porção Stálin acordou e ela acredita que o melhor é esterilização em massa. Já tem gente demais no mundo. Chega. "Você gosta de sexo, meu filho? Então só brinca, sem procriar, por favor! Além do que seu DNA não tem nada de bonito.", ele diria.
Já que tem gente demais no mundo e gente que definitivamente não pensa, o meu Stálin de estimação acha que estes conjuntos de ossos e músculos flácidos podem servir para alguma coisa. Campo de trabalhos forçados, por exemplo. Minha porção Stálin saliva só de imaginar os autores das façanhas relatadas em uma pedreira sem nenhuma sombra, com Sol a pino, preso a uma bola de ferro, quebrando pedras com uma picareta.
Ter minha porção Stálin acordada me entristece. As gerações anteriores lutaram tanto por liberdade, tanto individual quanto política, para que anos depois alguém ateie fogo à uma área remanescente da Mata Atlântica e este seja tratado como "menor infrator". Esse tipo de coisa é capaz de deixar muita gente com saudades da Ditadura Militar.
O mundo padece de estupidez crônica. E acordar Stálin também é estupidez. Até porque esta desordem toda não é originada por falta de leis, ou de leis que não são cumpridas. A própria lei pode provocar a impunidade.
No Inglaterra, a lei é clara: "Não se pode ofender a rainha em solo sagrado". O cara resolveu testar esta lei. Pegou um banquinho, daqueles de alcançar as prateleiras mais altas do armário, foi até um daqueles guardas reais, que nem piscam mesmo que você peide na cara deles. Foi lá, subiu no banquinho e xingou a rainha. O guarda o levou preso. O acusado alegou: "Eu respeitei a lei. É proibido desacatar a rainha em solo sagrado. Eu estava em cima do banco. Este, que estava em solo sagrado, não ofendeu a rainha." O cara foi solto.
Chega. Vou externar a minha indignação, antes que eu entre para a TFP. Vou xingar a rainha em cima do banquinho que eu ganho mais.