sábado, 24 de maio de 2008

Sobre o tempo¹

Ou Eureka! Descobri a fórmula da nostalgia

Saudade de vocês, leitores de textículos. Eles estão ficando rarefeitos, eu sei. Creio que me entendem. Os Textículos são resultado de ato sexual tântrico, então só rola quando dá muito tesão. E meu libido anda em baixa.

Sem contar que ando me repetindo. Eu quero fazer um textículo com vários Top 5 da minha vida, outro sobre as dores e delícias do Magistério, umas críticas de uns livros que estou lendo, etc, mas não sobra tempo e quando tenho, jogo fora descaradamente, esquecendo que isto é um “recurso não renovável, altamente limitado”, como a minha paciência, que sempre foi quase nula, como oxigênio dos Andes. Alguém tem uma lhama voadora da sorte pra me vender?

Ando me repetindo, e vou me repetir de novo, usando e abusando da Licença Poética para o Festival de Bobagens. É que o passar do tempo é algo realmente fascinante, e segue me intrigando.

Tenho 25 anos. Não é tanto, eu sei. Mas é muita idade no RG para uma eterna adolescente. Eu convivo com adolescentes e tenho que dar limites a eles, que pedem por isso. Ao mesmo tempo em que entro em conflito de gerações com a garotada, me sinto mais jovem que meus alunos, como se os “caretas” fossem eles e não eu, como era no meu tempo, saca? (Já contei sobre o choque que é ver gente jovem com discurso reacionário. Avanço da tecnologia e retrocesso no pensamento. O século XXI é uma grande merda.)

Conviver com adolescentes dá outro barato doidíssimo, descobrir como eles nos veêm. Dia desses, perguntei às turmas de sexta série o que era música de velho, por conta do projeto Descubra a Orquestra, da OSESP. Eis algumas respostas:

Legião Urbana
Mamonas Assassinas
Elis Regina (caralho, ela morreu em 82, ano que em que nasci)
Roberto Carlos (bem, quando nasci, este já era meio velhinho mesmo, rsrs)
Cazuza (nem vou comentar)
Cássia Eller (ela morreu em 2001, porra!!! Nesta década ainda, como assim, velho?)

Fiquei passada com estas respostas. Coisas da minha época são de velho, além do mais, para meus pokémons música brega e de velho é quase a mesma coisa. Comentando isso na Sala dos Professores (outro lugar folclórico, cheio de histórias), um colega matou a charada: se é da minha época, é datado já, não faz parte da geração deles. Tinha que ser um professor de Matemática para apelar para a lógica assim, sem ter dó da minha velhice precoce. Sem dúvida, Fernando foi genial. Eureka pra você, caro colega.

No mesmo dia, estava com outras professoras lembrando coisas que nossos sobrinhos, filhos e alunos jamais verão, e se virem, vai ser numa vitrine com uma sala com ar condicionado para conservar as peças:

Vida pré-MSN e Orkut
Máquina de escrever
Câmera fotográfica tradicional, que precisa de flash e filme
Plano Collor, Cruzeiro, Cruzado e Verão (desses ninguém sente saudade)
Disco de Vinil
Fita k7 (em tempos de mp5, eu ainda tenho e escuto!)

…Entre outras coisas, como o tempo em que linha telefônica da TELESP (quiéisso, psora?) era “O” patrimônio e não uma dor de cabeça disfarçada de multinacional espanhola, além dos celulares da primeira geração, que mais pareciam palmtops de tão grandes. Tempos românticos esses.

No Dia das Mães, eu fiz uma busca arqueológica no Limewire por hits dos anos 80 a pedido da minha irmã, que desenterrou pérolas de fazer pular ácaros do monitor, e por um acaso é a seleção que embala este textículo. Quem mais se lembraria de Rick Astley, além da Renata? Acertei em cheio em dar o Almanaque 80 de aniversário para ela.

Há muito tenho me perguntado junto com O Vizinho das Galáxias, o Forest, porque diabos os “Vinte e Poucos Anos Blues” são tão nostálgicos. Será que a gente é tão obsoleto assim? Com a resposta do Fernando, na última sexta, mais estas viagens sentimentais que tenho feito ao passado, descobri a fórmula da nostalgia. A gente viveu e não envelheceu, a não ser em termos biológicos ou cronológicos (temos uma pança de chopp respeitável). A nossa idade não corresponde à nossa realidade interna. E que uma coisa fique clara: nós amadurecemos, sim. Descemos aos infernos, perdemos gente que amávamos, sofremos desilusões, aquela coisa toda. Apesar de ter me dado conta que a adolescência acabou, eu me sinto muito mais ‘forever young’, do que quando tinha 17 ou 18 anos, época em que não via mais novidade em nada. Hoje, em compensação, estou me divertindo muito com essa sensação de ser “vintage”. Eu sou caçula e cresci com a impressão que eu era uma folha em branco, e já tenho algumas páginas acumuladas. O Éder² tinha razão. Agora que tá começando a ficar bom.

Estamos todos no ponto. Chegamos aos Vinte e Poucos com fôlego de criança para viver outros 20, 30, 40, até 50 outros Anos Blues. A vida ainda nos apaixona. E que se foda o calendário, tanto quanto meus clichês e minha pieguice.

Post Scriptum ao contrário:
2. Um Vinte e Poucos Anos Blues acumulou pontos no programa de milhagem essa semana. Feliz Aniversário, querido. (Sem contar o gatão-de-meia-idade mais amado da FAMOSP, que vai me matar se ler este textículo, que também é um taurino 20 de maio.)
1. O título deste textículo me fez cantarolar uma das primeiras músicas do Pato Fu: “Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda eu sei, pra você correr macio”… Descobri exatamente neste momento que ela se chama Sobre o tempo! Juro que não sabia.

Textículo jorrado em 24/05/2008

3 comentários:

Luiz disse...

Ora ora, mais um belíssimo....
Gostei do vizinho das galáxias, quem sabe não adoto como pseudônimo?
Agora falando sério, só a Renata mesmo pra lembrar do Rick Astley...
Obrigado pela inspiração, vou tentar dar um pouco de carinho pro meu filho bastardinho.

Frida f5 disse...

Este aqui é do Flamingão, que não conseguiu postar o comentário:

"So pra começar o q eh FAMOSP???
Mas na real, vc foi no ponto certo Chu, por mais idade q temos e responsabilidade, aki dentro tem um coração adoslecente, q quer bagunçar, brincar, dançar, beber e fazer muitas outras coisas!!!
Eu ficava me repreendendo por isso, mas depois do q vc escreveu...eu quero eh mais!!!
Thanx for everyone!!!

Beijinhos"

Frida f5 disse...

Agora este é meu:
Vizinho das Galáxias, não abandone o OkComput3er, filho legítimo que só tem pai. Os Textículos precisam dele!!!
Chu...Você é que tinha dito que agora é que está começando a esquentar. Por que tanta surpresa?
...E só mesmo a Renata pra se lembrar do Rick Astley! Together forever!
Flaming00