Foi perguntado a nós, integrantes do Projeto Poéticas da Dança, que dança que gostaríamos de levar para as escolas e outros espaços que trabalhamos. Afinal, existe Dança na maioria das escolas, mas é aquela em que a gente acredita? Qual nosso real intento?
Na lata pensei, mas não falei: eu quero que haja Dança nas escolas por um mundo menos idiota. Não só Dança, mas todas as Artes. E quando eu digo idiota, não é só de intelecto. Estou falando também de sensibilidade, de imaginação. Lembro-me que Therese Berterrat, no seu livro O Corpo tem suas razões questionou: se uma pessoa com um número limitado de palavras no seu vocabulário (na época) era considerada débil mental, por que uma pessoa com uma gama limitada de movimentos no seu repertório corporal não é considerada "debil motora"? Tenho visto debilidade não só intelectual ou motora, mas de afeto, de relações. É tudo muito pobre, muito rasteiro. Isso me deixa literalmente doente. A arte abre os olhos, num mundo onde muitos preferem a cegueira.
Não me safo disso, também tenho que lidar com as minhas ignorâncias. Esta, na verdade, é uma velha briga que eu travo com o mundo (adversário difícil para o meu tamanho): ninguém gosta de sofrer, de sentir dor, mas nessa de evitar a dor, há quem se anestesie totalmente. Não se consegue ver beleza em nada. Assim, alguém buscando realizar seu trabalho não só com afinco, mas com tesão e entusiasmo, recebe a sentença: é maluco, bagunça a escola, as crianças fazem barulho, afinal o senso comum diz professor bom é aquele que mantém uma sala em silêncio.
A nossa sorte é que não são todos assim, um ou outro é que é espírito de porco. Só que eu me cansei de fingir que essa gente não existe ou de tentar me adaptar a eles. É hora de criar um espaço digno para as Artes na escola, e por consequência no mundo, no nosso mundo.
De todas as Artes, a Dança talvez seja a linguagem que da maneira mais incontestável nos reposicione como seres humanos: antes de tudo, um corpo, que não se tem, se é. E que sendo corpo, se encontra com outros corpos. E que se não fosse este corpo, não seríamos também alma, que sinceramente é algo que tenho visto poucas vezes tendo oportunidade de se manifestar. Aparece apertada nos cantos, calada, reprimida. Como bem diria Billy Elliot, quando eu danço eu me esqueço de mim, eu me esqueço que sou eu, corpo e alma voltam a ser um. E quando corpo e alma voltam a ser um, uma revolução acontece. E eu quero ver esta revolução acontecer.
Na verdade, não só ver, quero ter parte dela, estar metida até o couro cabeludo com esse bando de malucos que quer botar todo mundo para dançar. Felizmente, não sou a única.
Para os mestres e parceiros, que me fazem perceber que não sou louca, ou pelo menos que há outros loucos com a mesma loucura, é que viro mais essa cambalhota!
Abra los ojos |
Não me safo disso, também tenho que lidar com as minhas ignorâncias. Esta, na verdade, é uma velha briga que eu travo com o mundo (adversário difícil para o meu tamanho): ninguém gosta de sofrer, de sentir dor, mas nessa de evitar a dor, há quem se anestesie totalmente. Não se consegue ver beleza em nada. Assim, alguém buscando realizar seu trabalho não só com afinco, mas com tesão e entusiasmo, recebe a sentença: é maluco, bagunça a escola, as crianças fazem barulho, afinal o senso comum diz professor bom é aquele que mantém uma sala em silêncio.
A nossa sorte é que não são todos assim, um ou outro é que é espírito de porco. Só que eu me cansei de fingir que essa gente não existe ou de tentar me adaptar a eles. É hora de criar um espaço digno para as Artes na escola, e por consequência no mundo, no nosso mundo.
De todas as Artes, a Dança talvez seja a linguagem que da maneira mais incontestável nos reposicione como seres humanos: antes de tudo, um corpo, que não se tem, se é. E que sendo corpo, se encontra com outros corpos. E que se não fosse este corpo, não seríamos também alma, que sinceramente é algo que tenho visto poucas vezes tendo oportunidade de se manifestar. Aparece apertada nos cantos, calada, reprimida. Como bem diria Billy Elliot, quando eu danço eu me esqueço de mim, eu me esqueço que sou eu, corpo e alma voltam a ser um. E quando corpo e alma voltam a ser um, uma revolução acontece. E eu quero ver esta revolução acontecer.
Na verdade, não só ver, quero ter parte dela, estar metida até o couro cabeludo com esse bando de malucos que quer botar todo mundo para dançar. Felizmente, não sou a única.
Para os mestres e parceiros, que me fazem perceber que não sou louca, ou pelo menos que há outros loucos com a mesma loucura, é que viro mais essa cambalhota!
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