quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Desdobramentos da visita do Ministro

Já se passou mais de um mês desde que o Ministro da Educação, Fernando Haddad esteve na Comunidade Nossa Senhora de Fátima, no Jardim Elisa Maria. Até parece que não houve desdobramentos nesta história, o que felizmente não é verdade. Eu é que não dei conta de transmitir a notícia, mas como o movimento segue com a sua marcha, não é tarde para falar sobre isso, até porque não vamos encontrar nada sobre este assunto na primeira página de um jornal de grande circulação. Se encontrarmos, vai ser críticas. Pobre estudar, para que? Escola pública de qualidade? Para quem? 

Manhã de sábado fria, chuvosa, chatinha para deixar a cama cedo, mas muita gente não ligou para isso. A comunidade estava lotada, e assembleia pacientemente esperou uma hora a mais que o combinado.  Nem tudo eram flores à espera da visita do ministro. Grevistas do Ensino Federal marcaram presença com um protesto silencioso, apontando para vários problemas que de maneira alguma devem ser ignorados. 

E a quem mais interessa o acesso a vagas de ensino técnico e superior, estava lá e fez bonito. Camila não pensou duas vezes. Olhou bem para a cara do senhor ministro e disse, sem pestanejar, que quer estudar para ter a chance de estar no lugar dele no futuro. O que de fato prova que esta conversa mole de juventude alienada é mais velha que andar para frente. Não era todo mundo. por exemplo, que tomou borrachada e choque elétrico nos Anos de Chumbo. Uma parcela da população jovem, nestes mesmos anos, estava tranquilamente descendo a Rua Augusta a 120 por hora, tomando hi-fi com Gini Crush e dançando um twist, nem aí com a Light, enquanto o pau comia Brasil afora.   



E por fim, a fala de Haddad, que anunciou que a Brasilândia será beneficiada com o Pronatec. O objetivo do movimento agora é a escolha do local onde a escola será construída. Uma das coisas que particularmente eu gostei no discurso do ministro foi ele ter ressaltado a importância de que esta escola tenha um projeto pedagógico condizente com as demandas da população, que dialogue com a realidade do bairro. Se isso realmente acontecer, maravilha. A Educação terá, enfim, servido para alguma coisa séria. 



No Portal do Ó e no blog do movimento tem mais alguma coisa sobre. E como eu já disse, a marcha segue. Estou mantendo contato com Marcos, colega professor e ativo neste movimento, que tem me trazido informações frescas sobre o assunto. No último dia 26 recebi dele o convite:

Queridos amigos,

Escrevo para lembrar a todas e todos que remarcamos a reunião do movimento para o dia 1º de outubro às 14h00.


O local será o mesmo da reunião anterior: EMEF Padre Leonel Franca - Estrada das Taipas altura do nº 2500







Seria importante todos priorizarem, ainda que seja para ficar um tempo apenas na reunião, pois nesse dia teremos os folhetos que todos deverão sair com um punhado para ajudar na mobilização para o seminário.

Sugestão de pauta:

1 - Balanço e avaliação dos últimos dias
2 - Terrenos
3 - Seminário: 22 de outubro
4 - Outras questões

Qualquer dúvida ou proposta, é só responder para todos e pôr em discussão.



Bjo e abraço fraterno

Marcos Manoel



Repasso o convite, e se eu conseguir sobreviver à prova do inglês, quem sabe vocês não me veem lá! 





segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Metaleira, eu?

Engraçado que algumas coisas passam e outras sobrevivem na vida sem pedir a sua licença. Pois é, até eu tinha me esquecido que gostava de Metallica. Banda que me remete a tardes vagabundas na casa da Carol e do Juninho, quando a gente passava horas e horas escutando o Black Album e outras pérolas noventistas, como o Dookie do Green Day, ou Melancholy and Infinite Sadness, do Smashing Pumpkins. Ou ainda sábados na casa da Priscila ouvindo os discos mais antigos do Metallica como o Master of Puppets ou And Justice for All. Mas nostalgia é uma gripe que não me dá mais. Não sinto saudade de mais nada, não lamento mais nada. Para que se apegar a tantas lembranças?


Não sei que milagre aconteceu para a Globo transmitir o show na íntegra, sem aqueles cortes horríveis que ela costuma fazer até em show do Brasa. Não sei que outro milagre ocorreu para eu assistir o show inteiro, sem dar uma cochilada sequer. Na verdade, eu sei. Foi um puta showzaço!


Aí me dei conta: Metallica é uma banda balzaquiana, só um ano mais velha do que eu. Nem no auge, nem decadente, na confortável posição de não ter mais que provar nada para ninguém. Fez umas bobagens na vida - o Load inteiro foi limado deste show sem fazer falta, e do Reload, só foi tocada a única música que presta, Fuel. Não abusaram de hits o tempo inteiro e fizeram um line-up não linear, o que eu gostei bastante. Prova de que o tempo que passa se mistura com o de agora, e ainda com o que está por vir. Não sei o que me espera, e que eu deixei para trás era excesso de bagagem. Viajante que se preza, só carrega o essencial.



No, je ne regrette rien! Só eu mesma para começar falando de Metallica e terminar com Piaf. E daí? 

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Ellington´s Song

Para quem, entre outras coisas, foi
Beata, roqueira, comunista, blogueira,
Heroína sentimental autoproclamada
(Ou talvez, só um arremedo cômico de tudo isso)

Não passar de uma garota
Alérgica aos cuidados que sua idade começa a pedir
É mais do que suficiente.
Das aventuras e trapalhadas,
O que ainda resiste, de maneira camaleônica,
É só esta retumbante, faraônica
Fome de vida.


Eu não quero comida, eu quero mesmo é a fome.

É o Enigma de Kaspar Hauser, outra vez.
No meio da madrugada,
Da vitrola brota um jazz.

Filme de Mulherzinha Ataca Novamente

Está provado cientificamente: comédias românticas podem estragar a sua vida. Mas eu, particularmente não estou nem aí. Quando nasci, cinto de segurança não era obrigatório e merthiolate ardia e ainda assim, estou viva, vivinha. Da Silva, Teodoro Alves, o que quiserem. Acreditem!

Tentei me recuperar, mas é inútil: o dano cerebral causado pelas comédias românticas noventistas estreladas por Meg Ryan, Renè Zellwegger, Julia Roberts e afins é acumulado. Já era, meus miolos foram indiscutivelmente carcomidos. Só restou o coração, que sem um pingo de vergonha na cara, ainda pulsa: bridget-jones, bridget-jones. Happy-end, happy-end. 

Além do mais, comédia romântica pode até estragar uma vida, mas não um blog. O textículo mais acessado deste faroeste é a resenha sobre Falando Grego, da Nia Vardalos. Aqui, elas até ajudam!

Anos depois, adicionando uma licencinha poética para o festival de bobagens que lhe são devidas, vejo que comédias românticas tem lá suas pilulazinhas de sabedoria. Tolas, inocentes, mas ainda assim válidas, verdadeiras em sua tolice. 

Como Medianeiras, Buenos Aires na Era do Amor Virtual. Em se tratando da ideia de discutir cultura digital, é uma ótima propaganda para os produtos da Mac. De tão escancarada, nem parece merchandising. Parece peça publicitária mesmo, na cara-larga. 


Gosto de filmes em que cidades são personagens. Uma Buenos Aires contemporânea, pós-crise, de longe é a personagem mais fascinante. A protagonista é arquiteta, e é dela que vem a metáfora das medianeiras, aquele lado dos edifícios que não serve para nada, a não ser para abrigar propaganda e limo. Como nas pessoas, expõe o lado mais frágil, feio e vulnerável de construções que precisam se fazer sólidas e fortes. Abra uma janela na sua medianeira, mesmo que ilegalmente. Deixe entrar luz no seu apartamento, vai te fazer bem.

Também gosto de gente neurótica nos filmes. Mitigam minha vergonha. Além do que são muito mais verossímeis: Mariana taca coisas na parede, chora por bobagem e carência, fuma mais que preto-velho no terreiro. Martin é fóbico, hipocondríaco, insone, atrapalhado. Leve seus cachorros para passear, mesmo que eles sintam medo. Eles precisam se acostumar com outros cachorros. 


Se toda essa firula ao final vendesse só iPod, eu até perdoaria. Foda é vender a ilusão de um amor único perdido na cidade, vestido com uma blusa listrada de vermelho e branco, óculos e gorro à sua espera, prontinho para ser encontrado. Se você começar a procurar onde está o Wallie com 14 anos, quem sabe você o encontre aos 30! Mas use uma lupa, porque isso é trabalho para mais de metro. 

Procurar Wallie é uma tarefa muito difícil para míopes não operados como eu, então fica para outro dia. Não comprei a ilusão, mas me diverti com a conversa mole do vendedor. Atitude típica de 1984, um duplipensar para esquentar as turbinas. Porque só agora posso começar a abrir um vitrô na minha medianeira, sair com meus cães assustados por aí. Spring is coming!