Vida de blogueira e operária ao mesmo tempo é postar no feriado. Fazer o quê, estava faltando vontade também, mesmo tendo assunto. É o tédio corroendo as paredes do meu quarto.
Há um tempo atrás caiu na minhas mãos um filme inglês de 2000, que é uma pequena maravilha: Billy Elliot, de Stephen Daldry. É tão apaixonante que fiquei me perguntando onde eu estava que não tinha visto aquele filme antes.
O personagem-título descobre no susto um talento nato para dançar e aposta nesta que era sua única ficha em um momento tenso para ele, sua família, sua cidade, até seu país. Obviamente, enfrenta preconceito e resistência por ser menino e ter se interessado por balé em uma cidade em que todo "macho" que se prezasse lutava boxe no clube da cidade. Mas não é só isso. A trilha sonora é impecável, recheada de T-Rex, The Jam, Clash e Tchaikóvsky; os números de dança são cheios de vigor, mais do que de técnica; as atuações são primorosas e como se isso bastasse, o filme tem uma história e tanto que comove sem apelar para clichês.
Acho que o único mesmo é o preconceito que meninos bailarinos devem enfrentar até hoje, o que me motivou a pegar esse filme que passa despercebido na caixa de DVD´s que a secretaria da Educação mandou para as escolas da rede estadual. Quando tenho que falar de dança em aula, o que mais ouço são comentários, geralmente dos garotos, insinuando que um ou outro é gay. Como cansei de ser mamute e dar homéricas broncas em aula, o filme foi uma alternativa para mostrar que uma coisa não está necessariamente ligada a outra, afinal Billy Elliot estava muito mais interessado em acertar um arabesco do que usar tutu. De fato, passei esse filme em sala de aula, e pelas discussões e comentários, parece que funcionou, pelo menos para começar um trabalho. Mas essa é uma questão menor no filme, que coloca no seu devido lugar o significado da palavra drama (em grego, drao): "eu faço, eu luto". Foi o que praticamente todos personagens do filme fizeram: o pai e o irmão, na greve dos mineradores ingleses, Billy, ralando para acertar um giro desgraçado, a professora, lutando contra a própria frustração, no melhor estilo, "alguém pode se salvar dessa droga toda". Partiram todos para a ação.
Resumindo: fui preparar uma aula, e acabei ganhando um filme que entrou para meu Relicário de Lembranças Adoradas.
Para fechar, a fodástica Angry Dance, ao som de Town Called Malice:
2 comentários:
Me fiz a mesma pergunta com Into the Wild, deveria ter visto no cinema e só vi porque a moça da locadora indicou...
Incrível como algumas coisas caem em nosso colo totalmente por acaso e no momento em que surgem, parecem que estavam só nos esperando não é?
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