domingo, 6 de setembro de 2009

Paralelas

Resolvi aparecer, antes que achassem que sumi - como o Belchior- e começassem a me procurar, ou que também andei cantando o Hino Nacional Brasileiro meio grogue - como a Vanusa - e achassem que estou fugindo do assédio da imprensa.

Na verdade, não é nada disso. É que ando num momento Paralelas, saca? Correndo a cem por hora atrás de objetivos, trabalhando feito louca, como sempre. "E no escritório em que eu trabalho e (não) fico rico, quanto mais eu multiplico, diminui o meu amor"... Estou anti-poética, sem inspiração, nem tempo.

Porém, os micos da semana tornaram-se estímulo para eu retornar desse silêncio. Não gosto da desgraça alheia, mas é impossível não admitir que o chá de sumiço do Belchior - o Hugo Possolo soltou um caco sobre o tal desaparecimento em O Papa e a Bruxa e por pouco não caio da cadeira de tanto rir - e o Hino Lisérgico Nacional Brasileiro da Vanusa animaram as duas últimas semanas. Danilinho, num serviço de utilidade pública, me mostrou o video do hino na terça. Foi para isso que o senhor colocou computadores na sala dos professores, seu Serra? Se foi, meus parabéns, é uma excelente medida anti-stress para mestres esgotados pelo magistério. Deos meu, isso não é um mico, é um orangotango vestido de Carmen Miranda.¹ Não o Serra, a Vanusa.

Em entrevista a Silvia Poppovic, Vanusa declarou que estão desprezando seus 41 anos de carreira por conta de um mau momento que ela teve. Também pudera, não é um mau e sim um péssimo momento numa sessão solene da Câmara com nada mais nada menos que o Hino Nacional Brasileiro e na era Big Brother, em que a gente vive com câmeras em toda a parte. É muita ingenuidade. Nem um jogador de futebol tinha estragado nosso hino com tanto garbo e elegância.

O que é curioso é que eu dei mais risada com essa história da Vanusa não com o vexame do hino, mas com uma que Bozoca - a verdadeira - soltou um dia, no carro. Ela disse que quando ouvia Paralelas, na parte em que Vanusa canta "no apartamento, oitavo andar, abro a vidraça...", ela imaginava a cantora num clipe abrindo a janela intempestivamente, com a cabeleira loura chanel tamanho médio esvoaçando ao vento. Mais the 80´s, mais kitsch, impossível.

Quanto ao Belchior, compositor que admiro bastante, ri um tanto lembrando da homenagem feita a ele pelos Mamonas Assassinas no único disco da banda, se não me engano, na quarta faixa. Uma Arlinda Mulher é cuspida e escarradamente uma cópia do estilo de Belchior, desde a voz, a melodia, a batida do violão, até os versos. "Te ensinei os auto-reverse da vida e o movimento de translação que faz a Terra girar, te ensinei que o importante é competir, mas te mato de pancada se você não ganhar..." Sublime, poético, sacada genial daqueles doidos de Guarulhos. Só quem nasceu antes de 1995 entende isso.

Assim, decidi ceder aos apelos da cantora e mostrar um bom - talvez excelente - momento de sua carreira cantando Belchior, em um momento espetacular também. Paralelas é linda, e a gravação da Vanusa é um estouro, de longe a melhor de todas. Justiça seja feita. Todo mundo tem seu momento símio, até Fernando Pessoa disse isso².






Piadas Prontas à la Simão:
1 - O Zé não pediu, mas essa do orangotango coloquei por causa dele. Foi ele que disse que isso era piada pronta.
2 - Se você leu Poema em Linha Reta, do Fernando Pessoa, sabe do que estou falando. Também está farto de semideuses?

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