sábado, 11 de julho de 2009

Ídolos

Ah, ídolos. A pseudo-morte do Michael Jackson e as comemorações do 50 anos de carreira do Roberto Carlos tem me feito pensar como a vida fica divertida com eles.

Minha mãe sempre dizia para minhas irmãs (com quilos e quilos de pôsteres e revistas primeiro do Menudo e depois do New Kids On The Block) que idolatria era pecado, sendo ela própria, fã-fanzaça-fanzoca do Rei: mais da metade dos discos de vinil de casa são de Sua Majestade O Brasa, mora?

Lá pelos distantes anos 1980, eu não escutava discos, eu via discos. Crianças não mexiam nas ainda incipientes parafernalhas eletrônicas e quando uma mãozinha esperta se aproximava do 3 em 1, era batata escutar: "Tira a mão daaaaaaaaaaaaííííííííííííííí, meninaaaaaa!". O máximo que a gente fazia sem ter os tímpanos estourados era ligar a TV -sem controle remoto.

Com essa restrição tecnológica me restava entrar no meu mundim estranho e perder tardes e mais tardes fuçando os discos de casa, o que explica o fato de a memória do que eu escutava por tabela quando era criança ser visual. (Eu disse que era estranho!) Manusear as capas dos discos era muito mais fácil para minhas mãos pequenas de então, do que equilibrar o braço do toca-discos entre dois dedinhos e colocar a agulha no início da faixa com precisão.

As capas dos discos então, é o que restou de tudo, apesar de ainda existirem os vinis. Depois de quebrar o toca-discos, a gente matava a saudade olhando para elas, grandes e muito mais vistosas que os encartes de CD. Duas capas povoam meu imaginário até hoje: do disco da Clara Nunes, a Guerreira, com aquela imagem célebre, coroada de búzios e olhando ao longe e o Thriller, do Michael Jackson. Sim, texticular audiência: a família Teodoro contribuiu para as estatísticas do Guiness Book. Eu olhava perplexa para a capa e pensava: Ué, ele era negro???? Nem lembrava das músicas do álbum, mas tudo indica que dei meus primeiros passos na Vila Ede escutando isso por tabela, porque ao escutar Thriller agora, eu reconheci todas as músicas - Beat It, Billie Jean e Thriller não valem, é claro - porque são os maiores hits do álbum.

Pois é, procura-se este exemplar do disco mais vendido em toda a história desesperadamente. Há uns três anos atrás, fui mostrar este disco para uma amiga e cadê o dito cujo? Sumiu, escafedeu-se, finou-se. Então, de todas as dúvidas que povoam a morte do ídolo, para mim a maior delas é: Onde foi parar meu Thriller? Paga-se bem, porque isso é pior que procurar agulha no palheiro. Já estou até conformada, crendo até que achar o Santo Graal é mais fácil.

Pelo menos aqui em terras tupiniquins, os holofotes estão mais voltados para a turnê do Rei do que para a morte do Rei do Pop. O que a gente não faz para agradar a nossa mãe? Fui comprar os ingressos do show do Brasa hoje e passei duas horas dando com os burros n´água tentando comprar os benditos no site de uma rede de compra de ingressos chamada Ingresso RÁPIDO. Fico pensando se a rede se chamasse Ingresso Lento, quantos dias essa provação iria durar. A turnê do mais popular artista brasileiro, patrocinada pelos gigantes Nestlè e Itaú, não tem uma operação específica de venda de ingressos. O Rei não merecia um hotsite só pra ele, ora essa?

Resultado: tive que ligar. Quando consegui, era a 74ª na fila de espera e quando consegui comprar, tinha a cadeira azul, Vip dos Vips? Que nada, os clientes Personalitté paparam todas, sem exceção. Assim não tem nem graça ser classe média! Nunca quis tanto ser cliente Irritaú Personalittè.

O máximo que consegui foi o setor verde, meio de banda, na penúltima fila, desembolsando mais de 300 cru e falando com um atendente pra lá de garoto-enxaqueca. E para que fazer tudo isso? Além de deixar Betona feliz, uma maluca por música perderia este momento histórico? Mais que assistir à turnê de 50 anos de carreira do Roberto Carlos, só ver o Jimi Hendrix tocando Star Spangled Banner em pleno Woodstock. Mas para conseguir isso, só com sessão espírita ou máquina do tempo, e não disponho de nenhum dos recursos agora. Ou seja: que venha o Rei!

Peço a texticular audiência que lancem mão de seus credos religiosos, sejam lá quaisquer que forem, porque há outra provação que está por vir para chegar no Ginásio do Ibirapuera: o trânsito!

E é para mamãe esta cambalhota*!

Notas:
* Outra história da carochinha, mas esta é da minha irmã. Ela ficava olhando na janelinha da porta da casa da Vila Ede, morrendo de medo, toda vez que minha mãe ouvia a fita do Brasa com a música: "O leão está solto nas ruas, já faz uns dias que ele fugiu...." Não é de se estanhar que ela fosse brincar comigo ainda bebê, usando um coelho azul com fundo de ferro. Eita, era de Aquário!

* Meu pai também gosta de Roberto Carlos e foi ele que ficou esperando no telefone, porque sabia que eu ia desistir, se eu ficasse na linha. Morrer de ciúmes do Brasa, só mesmo o Lineu Silva, dA Grande Família, porque com meu pai não tem crise.

* E a imagem que ilustra este textículo é uma das minhas capas preferidas - o disco também - de Sua Majestade O Brasa, com pérolas como Eu sou Terrível, Quando e O Sósia.

4 comentários:

¡B! disse...

"nosso rei" é rei de quê(m)?

Frida f5 disse...

Sei lá!

Mari Brandão disse...

OMG OMG OMG. Loucaaaa! Eu seria capaz de fazer esse enorme sacrificio só mesmo pela Eydie e pela Maysa. Ah, sabe essa foto do Roberto? eu tenho o DVD lálálá .

Frida f5 disse...

O sacrifício é mesmo por Dona Bete, que ainda disse "Se for um lugar longe eu não quero!" Humpf!