sábado, 16 de agosto de 2008

Madonna Cinquentona

Estava vendo clipes da Madonna até agora. Como hoje ela completa a bagatela de 50 aninhos, a primeira página da UOL está cheia de coisas sobre ela.

Eu nunca fui fã de Madonna de uma maneira específica. Quando eu era criança gostava de Papa Don´t Preach e Vogue - eu adorava aquela coreografia à la Macarena dessa música. Lembro também de quando ela esteve no Brasil - a turnê do The Girlie Show - que eu queria assistir na TV e que meu pai não deixou, afinal essa era a época em que ela estava pegando fogo, era o tempo do Erotica, Sex e Na Cama com Madonna. Sou filha de família de comercial de margarina, esqueceram?

Eu nem sabia que ela estava pra fazer aniversário, e ouvia de longe comentários sobre seu último disco elogiado - "só porque tem o Justin Timberlake", eu pensava, "mas que bosta!". (Eu vi o clipe de "4 minutes" e é legal. Gênios também se enganam, hehehe.)

Nestes últimos dias eu estava próxima da rainha do pop e não sabia. Eu tinha baixado o The Stonewall Celebration Concert, o primeiro álbum solo do Renato Russo, que, 'por increça que parível', eu não conhecia. Ele gravou Cherish, da Madonna, canção que eu mal me lembrava (se é que eu conhecia) e fui abduzida por essa música. Fui atrás da original, é claro. Mal acreditei que Cherish é dela, porque é uma canção totalmente fofa, singela. Também tenho ouvido muito as versões do Trash Pour 4 de Material Girl e Like a Virgin, incrivelmente reiventadas.

Fui navegando sem perceber por este especial da cantora, porque, por mais que eu não tenha lembranças especiais dela - fora essas que eu contei - me impressiona como ela se mantém diva indiscutível do pop, um mercado com fama de ser superficial e descartável.

Nos anos 80, quando ela surgiu, e depois nos anos 90, sinônimo de pop era Madonna e Michael Jackson. Ele, a gente já sabe que fim levou, foi tragado pela areia movediça da sua vida pessoal, que todos sabemos como é difícil e cheia de lances bizarros. Enquanto Michael estava em tribunais por seus escândalos de pedofilia e brincando de "vamos jogar Isabella" com seu filho (agora que me dei conta - ele é que começou essa moda), Madonna continuava a lançar seus discos, sem alarde. Dizem que ela ainda é controversa e polêmica, mas acho isso coisa da imprensa marrom. Acho que ela não precisa provar mais nada pra ninguém. Por isso, ela pode tudo, até beijar Britney Spears (eca!) ou interpretar Evita Péron, quase matando os argentinos do coração.

Não conheço quase nada da sua fase mais recente. Lembro só do Ray of Light, da trilha de Evita e só. Fui dar uma olhada e ainda prefiro a Madonna platinada dos anos 80 cantando Like a Virgin. Mesmo não gostando tanto exatamente do que ela tem feito hoje, é de cair o queixo a sua capacidade de ser reiventar e ainda ser Madonna. Só que isso não é de hoje. Desde o início da sua carreira, ela foi uma mulher de contrastes. É só olhar o clipe de Material Girl, com um final totalmente antagônico ao que diz a letra e o próprio clipe. Genial.




Suas controvérsias e contradições mais notórias dançam entre o sagrado e o profano. Para começar, quis o destino que ela se chamasse Madonna - ícone religioso de Maria segurando o menino Jesus ao colo. E ela sempre gostou de brincar com estes contrastes. Ela aparece rezando em um figurino discreto em La Isla Bonita, alternando com um figurino de dançarina de flamenco megavermelho - há uma certa cafonice nesse clipe, o que me faz gostar dele (Risos).




Quem é mulher sabe como é difícil equilibrar estes dois pólos. A gente não quer ser condenada por querermos ser gostosas, absolutas, devoradoras, mas também acha às vezes ser "menina de prédio criada pela avó" um porre. A maioria de nós fica no meio termo disso, ou então nega um dos lados por completo, o que causa 10 entre 10 das neuroses femininas. Madonna, não. Ela dilatou as duas polaridades e vai de uma a outra com um pé nas costas. Veja só a sua vida. A Material Girl virou estrela de comercial de margarina - casou, teve filhos, adotou um - e continua aparecendo gostosona em seus clipes. Isso é Madonna.

Então, gostando ou não dela, sendo fã ensandecida ou não, da mesma maneira chego à conclusão: loiras ou morenas, toda mulher deveria ser Madonna e mangar do tempo e dos clichês que nos perseguem. Idealismo ou não, toda mulher tem a capacidade de ser maior que estes estereótipos que nos impõem. Ela fez 50 anos! E eu aqui, com medo dos 30. Ah, meu. Tomá no uc, mermão.
Ah, e só pra provocar, escolhi uma foto da cinquentona quando ainda era ninfeta e morena, como eu. Esperá só eu chegar aos 50, ninguém me segura.

Um comentário:

Frida f5 disse...
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