sábado, 8 de março de 2008

Piadas Velhas, O Provocador e Eu*

Hoje, tive a honra de contar uma piada velha para o Abu e ele rebateu com uma provocação das boas, tanto que ainda estou sob os seus efeitos. A sorte do velhote (e minha) é que eu me deixo provocar, assim como ele - apenas com a vantagem de ter mais tempo de Provocação pela frente, ao passo que ele precisa passar adiante suas Provocações, antes que se tornem piadas irremediavalmente velhas.
Pode até ser que ele tenha pensado que eu tentei ser agradável contando o "causo" da Carmina Burana, mas não. É que eu não bato bem do pino mesmo. Como 2008 é o Ano do Bozo, eu tenho Licença Poética para o Festival de Bobagens. Era quase uma obrigação compartilhar da minha bozice com o Provocador.
O pai da Helga diz que não existem piadas velhas. As pessoas é que não as ouviram ainda. (Concordo com isso. As piadas de Dona Irene, por exemplo, não envelhecem nunca! E faço questão de manter a linhagem de velho-piadistas da família.) Hoje, porém, terei de discordar da Teoria da Relatividade Piadística do Seu Thomas, porque o Provocador logrou êxito. Tomada por essa Provocação toda, voltei para casa pensando no Arsenal de Piadas Velhas que povoam a minha vida, mas que ainda assim, me fazem rir.
Ouvir quase todo dia a trilha sonora d´A Gata Comeu é piada velha, assim como os rockers de jacão de couro e cigarro no canto da boca, rodopiando suas garotas de saia godê. Renato Russo e Cazuza são piadas velhas. Aquele bando de barbudos sem banho bradando "É preciso instaurar a Ditadura do Proletariado!!!", também. Dançar Frenéticas na festa do Paulo no Copan no último domingo é mais velho que andar pra frente. A nossa geração 80 é inteirinha piada envelhecida em barris de carvalho. Pudera, nascemos na "Década Perdida"!
Filhos da Revolução (de qual delas eu não nem sei mais), nascemos com saudades dos anos 60, até da repressão. Ah, os presos, torturados, exilados e até os desaparecidos é que foram felizes! Eles tinham uma ideologia para viver!
Tenho a impressão de que a gente cresceu com a idéia de que não era necessário lutar por mais nada. Com esta democracia instantânea (basta adicionar água e pronto), lutar por qual causa? Tantas vezes acreditei nessa piada velha, mesmo sem achar graça. Enganada redondamente, é claro. As coisas não vão nada bem, este século XXI está sendo uma grandissíssima merda, por motivos vários que renderiam um novo Textículo.
Cheguei à conclusão que a única piada nova digna de nota que o século XXI gerou foi a Amy Winehouse, e só faz rir porque tem cara de piada velha. Seu visual retrô totalmente irreal, aquela cabelereira gigantesca; seus conflitos, suas composições desesperançadas, até seus vícios, têm sido uma antítese do policamente correto absolutamente odioso e falso do nosso tempo. Ela me faz acreditar que temos salvação, ou melhor, que ela não virá. Se vier, também, não estamos nem aí pra ela. "They tried to make me go to rehab, I say no, no, no!"
*Este Textículo seria para quinta-feira, mas como este foi um dia que não teve graça nenhuma, não fazia o menor sentido falar de Piadas Velhas. Seu prazo de validade, porém, é intedeterminado. Podem ser consumidas sem vão receio.

Textículo jorrado por Flaming00 em 06/07/2008

2 comentários:

Luiz disse...

É isso que sempre digo, somos da geração da nostalgia....vai saber por que essa vontade de mudar um mundo que já passou e não nos damos conta do mundo que acontece a nossa volta e que está no porvir...
Como sempre gostei muito do texto.
E a propósito também estou ouvindo muito a famigerada Amy Winehouse rsrs
Abraços e aguardo o próximo texticulo.

Att:. Luiz

Frida f5 disse...

Ah, Forest...pego para mim sua observação sobre seu blog, que tem uma audiência pouca, mas de qualidade. Será que somos Apocalípticos?