Lembram do poema do Álvaro de Campos? "Todas as cartas de amor são ridículas, não seriam cartas de amor se não fossem ridículas...Mas, afinal, só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são...ridículas."
As minhas cartas, não só de amor, eram ridículas porque eu não as entregava nunca. Tanto que Bozolina e eu pensamos na idéia de blogar só com estas cartas inentregáveis.
Há muito tempo eu não fazia isso, muito tempo mesmo. No começo deste ano fiz uma, inentregável. Não pelo seu conteúdo, mas pela sua necessidade, franqueza, pelo seu desespero contido.
É inentregável...mas perfeitamente publicável. Quem me conhece, sabe quem é o destinatário, os motivos, tudo. Publico hoje, porque me agora me sinto livre do peso das confissões que ela carrega, ela perdeu sua razão de ser. Mas não sua verdade e sua beleza. Por isso, merece estar aqui.
"SP, 07/01/2008
DR* é uma chatice, eu sei. Quando não tem mais o “R”, deixa de ser chatice para se tornar aberração, daquelas que nem Freud explica. Nossa, como eu e minha camarada Nadja Caroline Um Tanto Lispector Macabéa Charlie Brown rimos com isso. (Comprido o nome dela, né?)
Tudo isso só para dizer que eu queria muito explicar – ou tentar, que seja – as razões das reações esdrúxulas que eu tive com você nos últimos anos, o que aconteceu comigo internamente para eu surtar daquela maneira. Mas sabe o que é? Eu não acho justo com você e não conserta nada. Mesmo assim, a minha necessidade de palavrório inútil não passa. Coisa de maluco isso.
Sinto saudade, também. Já devo ter falado isso para você da maneira mais casual possível, para não assustá-lo. Porque esta saudade que sinto é muito grande, não cabe em mim direito. Tanto que demorou meses para eu entender (ou admitir) que era exatamente isso que sentia/sinto. Saudade. De teclar com você todos os dias. De chamar você de Chuchu, ou Chu. De deixar que você me chamasse assim. Do seu jeito avoado. (Porra! Olha só a minha melancolia. Logo eu, que acho que você merece o total oposto, uma alegria leve e descompromissada. Você merece ser absurdamente feliz, já disse isso? :) )
Já disse para você tanta coisa sobre amor, culpa e perdão, mas nunca falei em vergonha. As atitudes imaturas que tomei me fizeram sentir muita vergonha. Ainda fazem, é lógico. Tanto que travo os quatro pneus só de pensar em procurar você. T-R-A-V-0. Simplesmente. Mesmo sabendo que você não daria o troco. Não é de você que eu sinto medo. É de me expor. Se eu comparo a minha atitude com as suas, minha vergonha triplica. Acompanhei, mesmo à distância, as adversidades que você enfrentou nos últimos anos, e vi você fazer isso com muita dignidade, muita força. Eu disse inúmeras vezes que gosto de você, que você é querido, mas nunca disse que o admiro. Sempre gostei de enfatizar os seus defeitos, mas nunca disse que as suas qualidades tem faltado para muita gente. Fico feliz em saber que o garoto que eu conheci se tornou um cara bacana, do bem.
A DR alongou-se por demais, justamente o que eu não queria. Por favor, entenda. Fiquei um tempo considerável sem admitir essas questões sequer para mim mesma, o que dirá confessá-las todas a você. Isto se você chegar a ler essa pataquada toda. Suspeito que essa carta seja da espécie das “inentregáveis”, daquelas que a gente faz para nós mesmos. Como se fosse um espelho, talvez. Ou uma punheta, quem sabe.
Ternura. Entendi o significado desta palavra, vendo o quanto eu te quero bem, sem aquela afetação de 'Eu te amos' e coisa e tal. E tem sido assim, e como é bom. Tenho o maior carinho por você, pela nossa história, e por tudo que ela nos ensinou. Espero encontrar você em ocasiões mais alegres.
DR* é uma chatice, eu sei. Quando não tem mais o “R”, deixa de ser chatice para se tornar aberração, daquelas que nem Freud explica. Nossa, como eu e minha camarada Nadja Caroline Um Tanto Lispector Macabéa Charlie Brown rimos com isso. (Comprido o nome dela, né?)
Tudo isso só para dizer que eu queria muito explicar – ou tentar, que seja – as razões das reações esdrúxulas que eu tive com você nos últimos anos, o que aconteceu comigo internamente para eu surtar daquela maneira. Mas sabe o que é? Eu não acho justo com você e não conserta nada. Mesmo assim, a minha necessidade de palavrório inútil não passa. Coisa de maluco isso.
Sinto saudade, também. Já devo ter falado isso para você da maneira mais casual possível, para não assustá-lo. Porque esta saudade que sinto é muito grande, não cabe em mim direito. Tanto que demorou meses para eu entender (ou admitir) que era exatamente isso que sentia/sinto. Saudade. De teclar com você todos os dias. De chamar você de Chuchu, ou Chu. De deixar que você me chamasse assim. Do seu jeito avoado. (Porra! Olha só a minha melancolia. Logo eu, que acho que você merece o total oposto, uma alegria leve e descompromissada. Você merece ser absurdamente feliz, já disse isso? :) )
Já disse para você tanta coisa sobre amor, culpa e perdão, mas nunca falei em vergonha. As atitudes imaturas que tomei me fizeram sentir muita vergonha. Ainda fazem, é lógico. Tanto que travo os quatro pneus só de pensar em procurar você. T-R-A-V-0. Simplesmente. Mesmo sabendo que você não daria o troco. Não é de você que eu sinto medo. É de me expor. Se eu comparo a minha atitude com as suas, minha vergonha triplica. Acompanhei, mesmo à distância, as adversidades que você enfrentou nos últimos anos, e vi você fazer isso com muita dignidade, muita força. Eu disse inúmeras vezes que gosto de você, que você é querido, mas nunca disse que o admiro. Sempre gostei de enfatizar os seus defeitos, mas nunca disse que as suas qualidades tem faltado para muita gente. Fico feliz em saber que o garoto que eu conheci se tornou um cara bacana, do bem.
A DR alongou-se por demais, justamente o que eu não queria. Por favor, entenda. Fiquei um tempo considerável sem admitir essas questões sequer para mim mesma, o que dirá confessá-las todas a você. Isto se você chegar a ler essa pataquada toda. Suspeito que essa carta seja da espécie das “inentregáveis”, daquelas que a gente faz para nós mesmos. Como se fosse um espelho, talvez. Ou uma punheta, quem sabe.
Ternura. Entendi o significado desta palavra, vendo o quanto eu te quero bem, sem aquela afetação de 'Eu te amos' e coisa e tal. E tem sido assim, e como é bom. Tenho o maior carinho por você, pela nossa história, e por tudo que ela nos ensinou. Espero encontrar você em ocasiões mais alegres.
With terderness,
Flávia.
Flávia.
PS.: DR – discutir relação. Aquele vício chatérrimo que algumas mulheres (como eu) carregam. Mas eu sigo firme no meu tratamento de desintoxicação."
3 comentários:
Está se superando em cada post. Parabéns.
É parece que o Pindorama não sai do papel mesmo.....rs
Vamos resistir, amigo. O Pindorama vai acontecer. Quanto ao elogio, você é suspeito pra falar , hehe, valeu meeeeeesmo!!!!
Ai está "nosso" maravilhoso Fernando Pessoa ... quanto as cartas de amor, quem nunca escreveu uma e isso é fantástico ... risoooos.Irei escreve-las por toda eternidade ... risoooos.
Cartas de Amor, fazem parte da infinita purificação ... Loucura ou Utopia ... sei lá!
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