quinta-feira, 7 de abril de 2011

Columbine à brasileira


Não sei se há algo novo a dizer sobre o que aconteceu hoje na escola do bairro do Realengo, no Rio de Janeiro. Toda a sorte de bobagens e coisas sensatas já foram ditas a respeito.
Primeiro pensamento que me veio a mente quando soube: é um Columbine à brasileira. Pavorosamente, uma carnificina deste porte não é mais novidade para nós. 

Então, eu dei um tempo, fiz o que eu tinha de fazer e só agora, à noite, fui me informar o melhor que eu podia sobre o acontecido, tentando evitar distorções e informações desencontradas. Para se ter uma ideia de como o PIG viaja na maionese em busca da tal da "notícia em tempo real", a primeira notícia que eu li, já retirada do ar, dizia que o assassino em questão era um fundamentalista islâmico. (Que absurdo, meu Deus. Só faltam agora responsabilizar o mundo árabe pelos terremotos do Japão...)

Não sou dada à manifestações emotivas ou afetadas frente à tragédias coletivas, mas dessa vez eu chorei. E queria ter ainda mais lágrimas para chorar a morte dessas crianças e a miséria da alma deste louco que fez isso. O que me deixa mais triste é que eu tive que provocar esse choro, como alguém que coloca o dedo na garganta para vomitar. "Isto não pode se tornar algo normal, a gente não pode se acostumar", eu pensava.

E fica o alerta: este cara foi vítima de bullying na escola. Não sou profeta, nem gênio, nem guru, mas o que eu disse no último textículo? Uma hora essas vítimas podem reagir, de uma hora para outra, anos depois, décadas depois. Boomerang blues, baby.

Este massacre pode ser chamado de carnificina, cenário de guerra, do que quiserem, menos de tragédia. Tragédia é teoria do caos, imponderável e imprevisível. Agora este banho de sangue foi forjado durante anos a fio, sem ninguém perceber. A única coisa imprevisível é quando isto aconteceria. Foi hoje.

Agnus Dei, qui tolis pecata mundi, miserere nobis,
Agnus Dei, qui tolis pecata mundi, miserere nobis,
Agnus Dei, qui tolis pecata mundi, dona nobis pacem.


2 comentários:

Tiagão disse...

Fla ao conversar com alguns aigos professores todos se manifestaram da mesma forma!"isso até que demorou para acontecer" Isso reflete o quanto a nossa sociedade é violenta e não só as escolas!

Frida f5 disse...

A gente trabalha dentro de barris de pólvora, amigo. A gente nunca sabe quando vai explodir!