segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sem querer, saiu sem título. Precisa? Então, Sorria!

É, acho mesmo que tenho menos a dizer, os TM não carregam mais a intensidade e a urgência do seu início. E como eu odeio a vida assim, em marcha lenta. Tudo bem, não tenho sofrido por conta de problemas imaginários, mas cadê a sensação de vento na cara, de vida à flor da pele? Droga, gosto mesmo é de uma Montanha Russa.


Evidente, porém, é que não vesti meu pijama de bolinhas e me dei por vencida. Caras como Brian Wilson não permitem que eu faça isso, nem de brincadeira. Explico: ouça Smile, mais do que isso, mergulhe neste álbum e em sua incrível história.


Em algum domingo perdido de 2009, depois de um ensaio, estavam lá os In-pessoa de bobeira em frente à TV. Quer coisa mais prosaica que assistir televisão na casa do vizinho? E eis que cai em nossos olhos, um documentário sobre o Brian Wilson, líder dos Beach Boys, do qual costuma-se dizer simplesmente que foi o único cara que ficou pau a pau com os Beatles, enquanto o resto da música pop sequer fazia cócegas no Fab Four, por ter feito o Pet Sounds (1966), após ter ficado literalmente enlouquecido ao ouvir Rubber Soul, e ter se determinado a fazer algo melhor. Conseguiu. Paul McCartney e George Martin fizeram reverências ao álbum, hoje devidamente sorvido por mim, que agora posso engrossar um coro de vozes que dura mais de 40 anos a dizer: é uma obra-prima. Sem exageros.


Os Beatles se propuseram a superar Pet Sounds, saiu Sgt. Peppers. Para quem gosta e entende de (boa) música pop, dizer isso basta. Brian Wilson ficou louco mais uma vez e se trancou no estúdio para gravar Smile. E aí que começa este tal documentário que assisti com os meninos. Wilson se atirou tanto na tarefa de produzir este álbum, tanto, mas tanto, e não chegou a concluí-lo na época. Ele compunha sozinho enquanto os outros Beach Boys saíam de turnê, isso mesmo antes de Pet Sounds. A loucura de Smile é tanta que os componentes do grupo não aguentaram o tranco, foram abandonando o projeto. E ele ficou sendo o álbum que mudaria a história do rock, que superaria a genialidade de Sgt. Peppers, tudo assim, no futuro do pretérito. Brian Wilson, 24 anos à época, já com uma saúde mental frágil, por pouco não sucumbiu. Anos depois, ele retira das catacumbas partituras, gravações incompletas, tudo, e parte para a missão de mergulhar na sua catarse e concluir, em 2004, a gravação de Smile, agora como um álbum solo de Brian.


Quando o programa acabou, fiquei catatônica, como fico quando me espanto diante da beleza. Primeiro, da história. A viagem, não só do artista, mas do ser humano, que desceu ao seu próprio inferno e voltou vivo, é comovente. Sem pieguices, fiquei realmente emocionada com isso. Depois, do álbum. Somente a sua história o faria surpreendente. 34 anos para ficar pronto! Mas ao ouvir o álbum, eu dei graças ao Barbudão por ele ter sido concluído.
Não sei mais o que dizer, estou desconcertada. Com o álbum, com a sua história, com a tarde besta que me levou a conhecê-lo. Chega. Veja e ouça, será que ainda terá algo a ser dito?

Nenhum comentário: