Pensei que nunca mais falaria nisso, mas a exposição Cuide de Você, da artista plástica francesa Sophie Calle, botou o assunto Cartas na roda outra vez.
Lembro que eu tinha dito que a minha carta de amor era inentregável, mas não impublicável. O bruto destinatário da carta a leu no blog, onde um monte de gente pôde ler também, alguns saberiam do que tratava, outros não. Sophie fez o caminho inverso. Recebeu uma "entregável" - não de amor, mas de rompimento, não-publicável na visão do remetente e por não saber o que fazer com aquilo, a jogou no mundo, literalmente.
A atitude de Calle é, sem dúvida, surpreendente, é até lugar comum dizer isso. Mais surpreendente ainda é o que ela fez com a carta, quer dizer, as mulheres convidadas por ela para interpretar sua mensagem. De mediadora de conflitos familiares a uma papagaia, passando por uma atiradora e uma dançarina de Bharata Natian, teve de um tudo. A carta foi estripada, virada do avesso. Mas ninguém foi mais certeira que a adolescente, num SMS: "Ele se acha!" (Bruna, essa é pra você. Graças à sua postagem, quando cheguei a exposição, a "opinião" da adolescente foi a primeira que eu procurei lá, hehe.)
Mas... porque só mulheres? Seria um complô feminista? O causador da exposição crê que sim, pelo menos ele disse coisa parecida em entrevista ao Metrópolis durante a FLIP deste ano. Quando vi a exposição, não vi feminismo nenhum, todas examinaram a carta com uma neutralidade quase científica e devolveram-na em outro nível. Só mulheres poderiam fazer isso, afinal, quem recebe um óvulo fecundado no útero e o transforma num novo ser humano? A metáfora é pobre, admito - mas "X" só fez doar o semên. A vários óvulos.
Nota totalmente útil:
http://www.sophiecalle.com.br/ - A exposição está no SESC Pompeia até 07 de setembro.
http://blog.sophiecalle.com.br/ - Transforme sua experiência em Arte. Eu vou mandar o meu trabalho também.
Lembro que eu tinha dito que a minha carta de amor era inentregável, mas não impublicável. O bruto destinatário da carta a leu no blog, onde um monte de gente pôde ler também, alguns saberiam do que tratava, outros não. Sophie fez o caminho inverso. Recebeu uma "entregável" - não de amor, mas de rompimento, não-publicável na visão do remetente e por não saber o que fazer com aquilo, a jogou no mundo, literalmente.
A atitude de Calle é, sem dúvida, surpreendente, é até lugar comum dizer isso. Mais surpreendente ainda é o que ela fez com a carta, quer dizer, as mulheres convidadas por ela para interpretar sua mensagem. De mediadora de conflitos familiares a uma papagaia, passando por uma atiradora e uma dançarina de Bharata Natian, teve de um tudo. A carta foi estripada, virada do avesso. Mas ninguém foi mais certeira que a adolescente, num SMS: "Ele se acha!" (Bruna, essa é pra você. Graças à sua postagem, quando cheguei a exposição, a "opinião" da adolescente foi a primeira que eu procurei lá, hehe.)
Mas... porque só mulheres? Seria um complô feminista? O causador da exposição crê que sim, pelo menos ele disse coisa parecida em entrevista ao Metrópolis durante a FLIP deste ano. Quando vi a exposição, não vi feminismo nenhum, todas examinaram a carta com uma neutralidade quase científica e devolveram-na em outro nível. Só mulheres poderiam fazer isso, afinal, quem recebe um óvulo fecundado no útero e o transforma num novo ser humano? A metáfora é pobre, admito - mas "X" só fez doar o semên. A vários óvulos.
Nota totalmente útil:
http://www.sophiecalle.com.br/ - A exposição está no SESC Pompeia até 07 de setembro.
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