Ah, adoro musicais. Há quem ache ridículo quando um artista olha pro outro e começa e conversar cantando, depois dançando, depois aparecendo mais um monte de gente do nada e tudo virando uma grande bagunça! Se isso é brega mesmo, não tô nem aí, acho o máximo!
Até então, meu musical preferido era Chigago, e meu sonho era ser Velma Kelly*, mas um filme veio abalar o reinado de Catherine Zeta-Jones, Reneé Zellweger e companhia.
Nestas férias, minha irmã me trouxe Hairspray, que tem tudo que eu adoro: anos 60, muita música e o John Travolta absolutamente impagável. A menina protagonista, a Nikki Blonsky, também é ótima. É só conferir o play abaixo, do número de abertura do filme.
Os pseudo-intelectuais geralmente acusam musicais de serem filmes bobos, pouco profundos. Acho isso bobagem, basta ver as adaptações dos musicais do (gênio) Andrew Lloyd Weber. Jesus Crist Superstar e Hair, já são suficientes pra refutar este preconceito.
Os incorfomados com este argumento podem retrucar que Andrew Lloyd Weber é inglês e não está contaminado com a bobageira típica de Hollywood, só que meus musicais preferidos são bobageira hollywoodiana pura. Chigago, com todo aquele glamour, acaba discutindo a banalização e espetacularização da violência na mídia, e a gente que vê que isso é bem antigo do que se imagina. Hairspray mais parece um High School Musical dos anos 60 com uma gorda-protagonista, mas fala de segregação racial - muito mais brava naqueles tempos - e dos famigerados padrões de beleza, magreza absoluta, que também não é coisa de hoje.
Claro que tudo isso é muito hipócrita, porque esse tipo de filme põe como herói quem é discriminado e marginalizado na vida real. Mas Hollywood é assim. É só dar um beijinho no Zac Efron no final que fica tudo certo. É inegável, porém, que esse filme acaba sendo uma pérola escondida. Tracy Turnblad de menina alienada por excesso de laquê acaba virando uma subversiva! Palmas pra ela.
Gosto da mensagem desse filme. Ser diferente é normal, como dizia aquela campanha com uma adolescente com síndrome de Down se acabando de dançar Elvis. E ainda hoje, em pleno século XXI (grande coisa!), existe gente careta e covarde que se acha muita coisa quando na verdade é igual a todo mundo, totalmente sem identidade. Pensei que isso tinha acabado, mas quando voltei para a escola como professora, vi como isso ainda é inaceitavelmente comum. Se alguém é um pouquinho diferente ou fora do padrão - que padrão? - é rotulado, tachado, julgado.
Isso que sempre aconteceu, agora tem um nome pomposo - bullying, e eu passei bastante por isso na escola, afinal bufões sempre causam estranhamento, e se ele é o melhor aluno da sala, fudeu! Agora, se engana quem acha que isso me deixou traumas (será que virei professora pra me vingar? huhuhuhu-hahahahaha!), muito pelo contrário. Aprendi desde cedo que não fui feita para o óbvio, e que seria evidente que gente medíocre, sem personalidade - e acha que se destaca por ser igual a todo mundo - jamais me entenderia. E é assim até hoje e me divirto chocando gente tacanha. Então viva ser gordo demais, magro demais, burro demais, inteligente demais, loiro demais, negro demais. Ser diferente é demais! E tenho dito.
Notas inúteis:
* Que Velma Kelly que nada. Queen Latifah é o canal, totalmente "big, black, blonde and beautiful". When you´re good to mama, mama´good to you!
* Para quem não se lembra da adolescente com Down se acabando de dançar:
2 comentários:
amei esse textículo, especialmente qdo vc cita a inveja dos idiotas com os inteligentes... bjokas
Postar um comentário