Está ficando chato essa história de trazer para os TM impressões minhas sobre o mundo exterior. É tudo tão igual, tão previsível que fico condenada à repetição de mim mesma. O Massacre do Realengo, como atração para o Império Romano, virou histeria coletiva sem um mínimo de reflexão.
Colocar este assunto como pauta do dia com a molecada foi minha reação quase imediata, tentando dizer justamente isso: passado o susto, é preciso dissecar o que aconteceu, quem sabe possamos evitar. Só espero que eu não tenha caído para o discurso moralizante ou demagógico, e eu bem me conheço, é bem capaz que isso tenha acontecido. Tenho uma queda para o clichê piegas.(Acho até que funcionou, sem a pretensão de acabar com todos os casos de bullying da escola. Este assunto causou discussões inflamadas em algumas turmas, o que considerei bom sinal.)
Se há neste largo mundo mais leitores de textículos que sejam professores preocupados com esta questão do bullying - que definitivamente está sendo tratada como "carne de vaca" pelo PIG brasileiro - tenho duas singelas sugestões para alimentar uma discussão fundamentada sobre o assunto em sala de aula.
Uma é o documentário Tiros em Columbine, do Michael Moore, rodado em 2002. Não é exatamente uma novidade, pois este filme teve bastante projeção à época, ganhando até um Oscar. Assistir de novo, anos depois, só confirma que o estilão contestador e sarcástico do Moore presta grande serviço àquela nação de gente com cérebro de ameba autointitulada América. Só Borat escrachou melhor.
A outra é o livro Bullying: Mentes perigosas nas escolas (Fontanar), da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva. Eu já tinha encomendado o livro e chegou bem na semana passada. Serve para todos: estudantes, pais, professores, gestores, porque ela esclarece bem todos os ângulos da questão e ajuda a entender. Devia ser bibliografia obrigatória para todo mundo que está envolvido na educação de crianças e adolescentes em geral. Aqui está sua entrevista no Roda Viva de alguns meses atrás, ainda no formato antigo do programa.
Bullying é um assunto que sempre me incomodou bastante, então é bem provável que eu volte a falar nisso, mas não agora. Já temos farto material inútil na grande mídia para saciar um público sedento por sangue - ou nem tanto, mas mesmo assim o sangue é oferecido. Essa notícia mostra bem onde foi parar a "liberdade de imprensa" tão sonhada por quem viveu tempos de repressão.
Ô séculozinho XXI de merda esse que estamos vivendo.
Ah! E no dia 20 de abril, data em que comecei a jorrar este textículo, completaram-se 12 anos do Massacre em Columbine e ainda morrem pessoas inocentes pelos mesmos motivos. Não tem graça nenhuma, Dooley.