terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Anti-carnavais*

Numa terça-feira gorda besta pra cacete, estava pensando em como nunca pulei um carnaval na minha vida e como isso não faz a menor falta, até porque isso nunca me impediu de ter causos e contos de carnaval. Tenho anti-carnavais que não devem nada aos carnavais de foliões de carteirinha.

Pudera, como roqueiro vai pular carnaval? Hoje não sou roqueira e nem qualquer outro rótulo, mas na adolescência, aceitei essa alcunha. Naquela época, eu achava que eu negava o carnaval, mas isso é realmente impossível, o carnaval está no DNA da humanidade, remontando aos tempos das odes a Dioniso, o deus grego do vinho, da festas, das artes, da sacanagem e... do Teatro. E viva Dioniso! Então eu vi que nunca neguei carnavais, sempre tive ao invés, anti-carnavais, ou seja, carnavais às avessas, literalmente.

E mesmo o carnaval de verdade sempre me causou encantamento, até porque são coisas que sempre observei de fora, o que satura o sabor poético da folia. Bailes de máscaras. Marchinhas de carnaval. Paixões de curta duração. Porta-bandeira rodopiando na avenida. Sempre achei tudo isso lindo.

E, para encerrar - afinal, só porque não pulei carnaval não significa que eu não esteja cansadona nesta terça-feira gorda - deixo com vocês um poema da antiga, pra curtir a ressaca na quarta-feira de cinzas da maneira mais poética possível:

Manhã de Carnaval II**
Mefisto desastrado, quis comprar tua alma a preço de custo.
Mas, infelizmente, o meu cheque estava sem fundo.
Saldo bancário à míngua,
Nem você nem sua alma viram vantagem nesta transação.
Nau à deriva,
Ando sem rumo, fantasiada,
Em ruas forradas de serpentina.
Garis varrendo, garçons voltando para casa.
À luz do dia,
Nem meus chifres assustam mais!
(23/12/2006)

Notas inútieis:
*Este título é um risco, dada a nova ortografia para hiféns e prefixos. Mas vai assim mesmo.
** Recomendo ler isso ouvindo Manhã de Carnaval, de Luiz Bonfá e Antônio Maria, tocado pelo violão endemoniado de Baden Powell. Depois subo no 4Shared, crianças.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

TM conquistando a blogosfera

O título é pomposo, mas a ocasião merece. Depois do tempo de hibernação forçada, os Textículos estão se tornando conhecidos e consumidos sem moderação, pra alegria da autora que vos fala, além de ter sido considerada a atriz mais bela de Hollywood!

Eu sempre disse que nunca gostei muito de blogs, salvo alguns originais, engraçados ou inteligentes, quase sempre de amigos meus, tão originais, engraçados ou inteligentes quanto seus blogs. Estes mesmos, por terem extremo bom gosto, faziam parte da comunidade apreciadora de textículos de mulher, por seu sabor acentuado e levemente ácido.

Mas agora esse Blog mais sem Audiência do Ciberespaço, não é mais um reduto de camaradas apenas. Há poucos dias, descobri que os TM estavam sendo seguidos por uma tal de Garnier com Gelo e Limão. Fui lá conferir e o blog é bacana, cheio de humor, cultura pop, um pouco de poesia e bastante caipirinha! Agora estou seguindo essa voraz bebedora de caipirinha também.

E lá descobri uma outra pérola da Metablogagem, os Blogueiros Unidos, um blog que faz uma compilação de blogs legais e de qualidade. Os interessados se inscrevem, adicionam o selo no seu blog e precisam postar a lista completa dos blogs aceitos. Como os Textículos foram consumidos e aprovados, é o que vou fazer hoje! Lá vai:



Também vou dar uma olhada nesta turma, que agora são colegas de blogosfera certificada. Mas, cadê o Blog da Ana, caramba? Os blogueiros unidos vão ficar devendo essa. Garnier com gelo e limão nesta lista já!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Audrey Hepburn é eleita a atriz mais bonita da história de Hollywood

Do portal da Uol

Londres - Audrey Hepburn foi escolhida a atriz mais bonita da história do cinema de Hollywood, à frente de Angelina Jolie e de estrelas como Grace Kelly, Sophia Loren, Julia Roberts e Cameron Díaz, segundo uma pesquisa publicada no Reino Unido. A atriz, que protagonizou clássicos como "Sabrina" (1954) e "Bonequinha de Luxo" (1961), venceu na votação estrelas atuais tão populares quanto Jolie, por exemplo, que ficou em segundo lugar.Os entrevistados justificaram a escolha de Hepburn como a mais bela por "seu corpo e por seus olhos amendoados", enquanto Jolie conta com o apelo dos mais jovens.Para a editora de saúde e beleza da revista "Vogue", Nicola Moulton, "por definição, uma beleza cinematográfica deve ser espetacular em movimento, e não só nas fotografias".Desta forma, ela respaldou a coroação de Hepburn, sobre quem afirmou que "tinha uma beleza atemporal". O terceiro lugar ficou com Grace Kelly, que foi musa de Alfred Hitchcock nos anos 1950 e atuou em clássicos como "Janela Indiscreta" e "Disque M para Matar", ambos de 1954, antes de se transformar na princesa de Mônaco.


Atrás de Grace Kelly, os dois mil cinéfilos consultados escolheram a sensualidade de Marilyn Monroe e a elegância de Sophia Loren.As atrizes que completam a lista de rostos mais belos do cinema são Catherine Zeta-Jones, Elizabeth Taylor, Keira Knightley, Halle Berry, Brigitte Bardot, Julia Roberts, Vivien Leigh, Nicole Kidman, Cameron Diaz, Doris Day, Scarlett Johansson, Charlize Theron, Jennifer Aniston, Michelle Pfeiffer e Liv Tyler.


Nota inutiel #1:
Para quem não sabe, a diva de olhos fechados e maquiagem deslumbrante do layout dos TM é a Audrey Hepburn.
Nota inutiel #2:
Eu não acredito que esqueceram que colocar a Penelope Cruz nessa lista!!! Humpf!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Ser diferente é normal

Ah, adoro musicais. Há quem ache ridículo quando um artista olha pro outro e começa e conversar cantando, depois dançando, depois aparecendo mais um monte de gente do nada e tudo virando uma grande bagunça! Se isso é brega mesmo, não tô nem aí, acho o máximo!
Até então, meu musical preferido era Chigago, e meu sonho era ser Velma Kelly*, mas um filme veio abalar o reinado de Catherine Zeta-Jones, Reneé Zellweger e companhia.

Nestas férias, minha irmã me trouxe Hairspray, que tem tudo que eu adoro: anos 60, muita música e o John Travolta absolutamente impagável. A menina protagonista, a Nikki Blonsky, também é ótima. É só conferir o play abaixo, do número de abertura do filme.



Os pseudo-intelectuais geralmente acusam musicais de serem filmes bobos, pouco profundos. Acho isso bobagem, basta ver as adaptações dos musicais do (gênio) Andrew Lloyd Weber. Jesus Crist Superstar e Hair, já são suficientes pra refutar este preconceito.

Os incorfomados com este argumento podem retrucar que Andrew Lloyd Weber é inglês e não está contaminado com a bobageira típica de Hollywood, só que meus musicais preferidos são bobageira hollywoodiana pura. Chigago, com todo aquele glamour, acaba discutindo a banalização e espetacularização da violência na mídia, e a gente que vê que isso é bem antigo do que se imagina. Hairspray mais parece um High School Musical dos anos 60 com uma gorda-protagonista, mas fala de segregação racial - muito mais brava naqueles tempos - e dos famigerados padrões de beleza, magreza absoluta, que também não é coisa de hoje.

Claro que tudo isso é muito hipócrita, porque esse tipo de filme põe como herói quem é discriminado e marginalizado na vida real. Mas Hollywood é assim. É só dar um beijinho no Zac Efron no final que fica tudo certo. É inegável, porém, que esse filme acaba sendo uma pérola escondida. Tracy Turnblad de menina alienada por excesso de laquê acaba virando uma subversiva! Palmas pra ela.

Gosto da mensagem desse filme. Ser diferente é normal, como dizia aquela campanha com uma adolescente com síndrome de Down se acabando de dançar Elvis. E ainda hoje, em pleno século XXI (grande coisa!), existe gente careta e covarde que se acha muita coisa quando na verdade é igual a todo mundo, totalmente sem identidade. Pensei que isso tinha acabado, mas quando voltei para a escola como professora, vi como isso ainda é inaceitavelmente comum. Se alguém é um pouquinho diferente ou fora do padrão - que padrão? - é rotulado, tachado, julgado.

Isso que sempre aconteceu, agora tem um nome pomposo - bullying, e eu passei bastante por isso na escola, afinal bufões sempre causam estranhamento, e se ele é o melhor aluno da sala, fudeu! Agora, se engana quem acha que isso me deixou traumas (será que virei professora pra me vingar? huhuhuhu-hahahahaha!), muito pelo contrário. Aprendi desde cedo que não fui feita para o óbvio, e que seria evidente que gente medíocre, sem personalidade - e acha que se destaca por ser igual a todo mundo - jamais me entenderia. E é assim até hoje e me divirto chocando gente tacanha. Então viva ser gordo demais, magro demais, burro demais, inteligente demais, loiro demais, negro demais. Ser diferente é demais! E tenho dito.

Notas inúteis:

* Que Velma Kelly que nada. Queen Latifah é o canal, totalmente "big, black, blonde and beautiful". When you´re good to mama, mama´good to you!


* Para quem não se lembra da adolescente com Down se acabando de dançar: